Às vésperas da votação da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados, o governo Bolsonaro liberou para parlamentares, em apenas dois dias, cerca de R$ 900 milhões em emendas de relator , verba sobre a qual não há transparência nas indicações.
Desse montante, o partido que mais se beneficiou foi PSD, do senador Rodrigo Pacheco, segundo investigação do jornalista André Spigariol, do Brazilian Report. Ao todo, a legenda levou R$ 145 milhões entre os dias 28 e 29 de outubro.
O senador é responsável por pautar a proposta no Plenário. Pacheco também ajudou na escolha do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, para relatar a proposta na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa.
Logo atrás, o PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, destinou R$ 135 milhões. Boa parte da verba foi endereçada para prefeituras de Alagoas e do Piauí, redutos eleitorais dos caciques do Centrão.
Já os partidos de oposição, PDT e PSB, que conseguiram contornar alguns votos no 2º turno, levaram R$ 30,8 milhões e R$ 29,1 milhões, respectivamente, para prefeituras comandadas por integrantes da sigla.
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O Podemos, partido do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, também abocanhou uma parcela de R$ 36,9 milhões. Segundo a apuração do jornalista, a maior parte da grana foi para um prefeito aliado da presidente do partido, Renata Abreu.
O PSDB e o MDB, que dividiram a bancada na votação, faturaram, respectivamente, R$ 53 milhões e R$ 110 milhões para suas prefeituras.
Os empenhos estão suspensos graças à ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal. A liminar foi referendada pela Corte por 8x2, agora deputados querem liberar a verba garantindo maior transparência. Por enquanto, as 1035 cidades beneficiadas continuam sem saber se receberão as emendas.