A Petrobras está negociando com as distribuidoras de gás natural o preço dos contratos para o ano que vem. A proposta inicial da empresa quer cobrar seis vezes o valor atual e assustou as concessionárias que, via Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado), decidiram entrar com uma representação contra a Petrobras nesta 5ª feira (11.nov.2021) no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
A justificativa da empresa é a escalada da commoditie no mercado internacional. O mercado de curto prazo (spot), principalmente, vem batendo recorde atrás de recorde.
Augusto Salomon, presidente da Abegás, disse ao Poder360 que o preço cobrado torna inviável o repasse do gás.
“A Petrobras está querendo comprar cargas de GNL spot. E o preço na Europa e nos Estados Unidos subiu demais. Então, isso está na mesa e estamos relutando em assinar porque fica inviável vender esse gás a esse preço“, disse.
A estatal propôs às as seguintes modalidades de contrato:
- contrato de 1 a 6 meses, a cerca de US$ 35 por milhão de BTUs
- contrato de 1 ano, também a cerca de US$ 35 por milhão de BTUs
- contrato de 4 anos, a cerca de US$ 20 por milhão de BTUs
Segundo a Abegás, os preços sempre se mantiveram entre 5 e 6 dólares por milhão de BTU do GNL.
Entre as reclamações da categoria está o TCC (Termo de Cessação de Conduta) assinado em 2019 com o Cade, que visa à abertura do mercado e ao fim do monopólio da Petrobras sobre a comercialização de gás natural.
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“O TCC do Cade não está viabilizando que outros produtores consigam cobrir a oferta da Petrobras no mercado. A gente está com abertura de mercado num momento conturbado de preços e sem a real condição de que outros agentes entrem no mercado“.
Segundo a Petrobras, o aumento é justificável, pois a empresa precisará importar gás natural no ano que vem.
Eis a íntegra da nota enviada pela empresa:
“A Petrobras reforça seu compromisso em oferecer às distribuidoras de gás natural mecanismos contratuais para reduzir a volatilidade e conferir mais previsibilidade aos preços do produto, mantendo o alinhamento com o mercado internacional. Neste sentido, a companhia está negociando novas modalidades de contratos de gás natural no âmbito das chamadas públicas. Importante reforçar que, para atender a demanda brasileira por gás natural em 2022, é imprescindível complementar a oferta com importação de GNL.
Observa-se que alta demanda por GNL e limitações da oferta internacional resultaram em expressivo aumento do preço internacional do insumo, que chegou a subir cerca de 500% em 2021, com tendência de manutenção da alta no início de 2022. Buscando atenuar o aumento, a Petrobras ofertou contratos com referência de indexadores ligados ao GNL e ao Brent, assim como a opção de parcelamento nos contratos de longo prazo. Cabe reforçar que os novos contratos ainda se encontram em fase de negociação no âmbito das chamadas públicas, nas quais a Petrobras concorre com outras empresas.
Importante ressaltar que essa situação não se aplica a todo o mercado de gás natural, mas apenas a uma parcela de cerca de 20% da demanda nacional“.