Um estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) em parceria com a ONG TETO divulgado pelo UOL aponta que quase metade (45%) dos trabalhadores de favelas perderam o emprego durante a pandemia do novo coronavírus. Além disso, 46,5% das famílias em situação de vulnerabilidade em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Paraná e Minas Gerais estão tendo dificuldade para comprar comida e 58% delas mudaram hábitos alimentares.
Dos que ficaram desempregados, 60% recebia o auxílio emergencial e 56% teve ajuda de ONGs. A pesquisa realizou 524 entrevistas quantitativas em 31 comunidades brasileiras, e 56 pesquisas qualitativas com lideranças comunitárias em 2020.
O estudo foi dividido em sete temáticas principais:
- Infraestrutura precária e acesso à água;
- Adesão às práticas de isolamento físico/social;
- Emoções (dimensões de saúde mental e bem-estar subjetivo);
- Vulnerabilidades (econômicas e sociais);
- Políticas públicas;
- Capacidades comunitárias;
- Solidariedade
A pandemia também gerou crises emocionais e agravou a solidão e o isolamento. Mesmo assim, apenas 6% dos entrevistados disse ter aderido às práticas de distanciamento social e 9% evitou aglomerações. A maioria afirma ter usado máscaras (72%), lavado as mãos (55%) e passado álcool em gel (55%).
Para os entrevistados, os piores motivos para manter o isolamento social foram:
- Falta de lazer (30%);
- Falta de trabalho e renda (22,7%);
- Solidão e depressão (14,7%);
- Infraestrutura da moradia (5,6%);
- Fome (2,7%).
O pesquisador da FGV Cepesp, Leonardo Bueno, explica que as moradias precárias e a aglomeração urbana agravaram a pandemia nas zonas de favela, impulsionando a doença nesses locais.
"Foi difícil para essa população se manter isolada e protegida no auge da crise. As moradias de emergência aliviaram a pressão sobre bem-estar psicológico, mas tiveram pouco efeito sobre medidas de prevenção contra a covid-19", disse em nota enviada ao UOL.