A inflação está deixando o mercado de trabalho cada vez mais desigual: 70% dos trabalhadores ganham hoje menos do que recebiam em 2019, antes da pandemia. E o peso da alta de preços na desigualdade, que tem sido recorde nos últimos tempos, triplicou desde o terceiro trimestre do ano passado.
Essas são as conclusões de um cruzamento de dados inédito feito pelo economista Daniel Duque, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele fez os cálculos com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, a inflação oficial) de junho, que ainda estava em 8,35%, considerando o acumulado em 12 meses.
Hoje, está em 10,25%. Portanto, os efeitos devem ficar mais intensos com o avanço dos preços.
Os brasileiros que estão no topo da pirâmide social conseguiram preservar ou elevar a renda nos últimos dois anos. Entre os 10% mais ricos, o ganho real chegou a 8%.
Nesta segunda-feira, o Boletim Focus, relatório semanalmente divulgado pelo Banco Central com participação de agentes do mercado financeiro, previu que a inflação termine 2021 em 9,17%. Na prática, a cada dia o seu salário vale menos, e tudo fica mais caro.