A cesta básica já acumula inflação de 16% nos últimos 12 meses, indica uma pesquisa lançada por professores do curso de Economia da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) divulgada pela Folha de São Paulo.
A inflação dos alimentos pesa mais no bolso dos mais pobres e as razões para a alta dos preços engloba uma série de fatores, desde a alta do dólar até efeitos climáticos como secas e geadas. A alta das commodities agrícolas no mercado internacional durante a pandemia também afeta o preço.
Segundo a PUCPR, os 13 produtos que formam a cesta básica acumularam inflação de 15,96% em 12 meses até setembro no país. Em termo de comparação, o IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, está em 10,25% no mesmo período.
"Fomos até a base de dados do IBGE e separamos os 13 alimentos que compõem a cesta básica. Rodamos o mesmo modelo estatístico do IPCA para calcular a inflação específica desses produtos", conta à Folha o economista Jackson Bittencourt, coordenador do curso de Economia da PUCPR.
"Estamos olhando para aquilo que é considerado o mínimo para as pessoas colocarem na mesa. O problema é que esse mínimo vem subindo muito", completa.
Entre os itens com as maiores altas estão:
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- açúcar cristal (38,37%);
- o óleo de soja (32,06%);
- o café moído (28,54%);
- o contrafilé (26,88%);
- a margarina (24,97%);
- a batata inglesa (24,71%);
- o tomate (24,32%).
"Por que a taxa de câmbio vem subindo? Porque houve uma insegurança no mercado relacionada à pandemia. No caso do Brasil, também há uma insegurança em relação ao próprio governo. A instabilidade política gera uma instabilidade macroeconômica", afirma o professor.
Ele espera que a inflação dos alimentos desacelere no fim do ano, mas alega que há um nítido "empobrecimentos das famílias brasileiras".
Em setembro, o custo médio da cesta básica aumentou em 11 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Isso fez com que nesse mês o trabalhador que recebeu um salário mínimo (R$ 1.100) comprometeu 56,53% de sua remuneração líquida (após o desconto da Previdência Social) para a compra de alimentos básicos.