O dólar operava com alta, na casa dos R$ 5,68, ante o real no início desta sexta-feira. O ambiente negativo no mercado local é intensificado pela debandada da equipe econômica anunciada na quinta-feira, após o fechamento do mercado.
As mudanças nas regras do teto de gastos incluídas no texto da proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, aprovado pela Câmara ontem, devem continuar pesando os negócios nesta sexta-feira.
Por volta de 09h01, a moeda americana tinha alta de 0,27%, negociada a R$ 5,6805. No mesmo horário, o Ibovespa futuro caía 0,80%, aos 107.800 pontos.
Até o fechamento desta quinta-feira, a divisa tinha alta de 3,90% ante o real na semana. No ano, a valorização é de 9,21%.
A valorização do dólar ocorre, porque o desrespeito ao teto de gastos é lido pelos investidores como um descompromisso com as contas públicas.
Isso aumenta a percepção de risco, provocando a saída de dólares do Brasil para outros mercados e ativos considerados mais seguros.
O câmbio mais forte aumenta a pressão sobre a inflação e faz mais à frente com que as taxas básicas de juros tenham seu ritmo de elevação intensificados para conter a alta dos preços.
Mais juros prejudica o desempenho econômico de forma geral, tanto pelo lado dos consumidores quanto das empresas, que terão que pagar mais para obter financiamento.
Sem falar em um concorrência mais atrativa com os ativos de renda fixa, principalmente, para aqueles investidores que procuram fugira da volatilidade de curto e médio prazo da Bolsa.
Ameaça de demissão nos bastidores
A crise aberta pelo governo com a insistência de aprovar o Auxílio Brasil no valor de R$ 400 promoveu novas baixas na equipe do Ministério da Economia.
O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram exoneração de seus cargos.
Os secretários adjuntos de Funchal e de Bittencourt também pediram demissão.
Após o anúncio, papéis de empresas brasileiras no exterior já operavam com forte baixa na noite de quinta,
Os membros da equipe já haviam ameaçado deixar o governo na terça-feira, levando ao adiamento do anúncio oficial do novo programa. No entanto, não foi suficiente para impedir que o governo levasse adiante o plano de alterar as regras fiscais.
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Debandada e nova regra para o teto
Ainda na noite de quinta-feira, a Comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou a PEC que altera a sistemática de pagamentos de precatórios.
Para atender a pressão do governo e do Congresso por mais recursos, o relator incluiu no parecer um trecho que altera a fórmula de correção da regra fiscal do teto de gastos.
Hoje, o teto é corrigido pela inflação acumulada em 12 meses até junho do ano anterior.
Com as alterações, os números serão recalculados com base no índice de preços entre janeiro e dezembro. É dessa forma como são corrigidas as maiores despesas do Orçamento, como os gastos com salários e aposentadorias.
Isso abre um espaço de R$ 39 bilhões em 2022. O montante deve ser utilizado para pagar o Auxílio Brasil, programa que substituirá o Bolsa Família.
O novo programa será corrigido pela inflação e terá piso de R$ 400, entre dezembro desde ano e dezembro de 2022.
Além do programa, as mudanças também abrem espaço para despesas com emendas parlamentares e outros gastos.
Juntas as duas mudanças - adiamento de quitação de precatórios e o novo cálculo para o teto de gastos — abrem espaço de R$ 83 bilhões no Orçamento de 2022
Evergrande paga credores e ações sobem
Na Europa, as bolsas operavam no positivo. Por volta de 08h05, no horário de Brasília, a Bolsa de Londres subia 0,51% e a de Frankfurt, 0,75%. A Bolsa de Paris avançava 1,03%.
As bolsas asiáticas fecharam com direções contrárias. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 0,34%. Em Hong Kong, houve alta de 0,42% e na China, queda de 0,34%.
As ações da Evergrande apresentaram recuperação diante do tombo da véspera, ao subirem 4,26% na Bolsa de Hong Kong.
A empresa pagou um cupom de bônus de US$ 83,5 milhões aos detentores de títulos internacionais antes do prazo final de vencimento no sábado, evitando um calote formal.