O envolvimento cada vez maior da China com temas de sustentabilidade, tecnologia e inovação deve ser aproveitado pelo Brasil como novas avenidas de cooperação. É o que sugere o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), em documento a ser lançado na manhã desta quinta-feira, em um evento com a presença do vice-presidente Hamilton Mourão e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Denominado “Sustentabilidade e tecnologia como bases para a cooperação Brasil-China", o documento foi elaborado por 46 especialistas e dividido em 11 capítulos. São exemplos o combate à mudança climática; agropecuária de baixo carbono e finanças verdes; expansão de fontes de energia renovável; e inclusão digital.
De acordo com o material, os chineses estão na vanguarda do desenvolvimento de energias renováveis, como eólica e solar, e são líderes na adoção de veículos elétricos, uma das principais fronteiras da transição energética que o mundo viverá nas próximas décadas.
Além disso, Pequim tem por meta zerar as emissões líquidas de gases que provocam o efeito estufa (GEE) até 2060 e, em julho de 2021, lançou o seu mercado de carbono, que já nasceu como o maior do mundo.
“O Brasil é um dos países mais bem posicionados para suprir a demanda futura da China por créditos de carbono”, destaca um trecho do documento.
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E complementa:
“As possibilidades abrangem práticas e tecnologias agropecuárias de baixo carbono, carbono neutro e até mesmo carbono negativo, como é o caso do plantio e manejo de florestas para produção de celulose. Todas essas atividades têm o potencial de atrair investimentos e financiamentos da China para o seu desenvolvimento no Brasil”.
O documento destaca que a China desponta, ao lado dos Estados Unidos, como um dos líderes em áreas que definirão o futuro da economia digital, como Inteligência Artificial, Internet das Coisas, blockchain e computação em nuvem.
O país asiático também detém soluções tecnológicas inovadoras em setores como cidades inteligentes, mobilidade, comércio eletrônico e saúde e educação à distância, que podem ser adaptadas à realidade brasileira, com impacto positivo sobre a qualidade de vida da população.
A expectativa do CEBC é que essas propostas iluminem novas áreas de cooperação entre Brasil e China e abram caminho para novos negócios entre empresas dos dois países.
A entidade espera, ainda, que os temas levantados sirvam de subsídios para a preparação da próxima reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COBAN), que o Brasil sediará no início de 2022.
“Os anos 2020 e 2021 marcaram uma inflexão na dinâmica das relações internacionais. A pandemia de Covid-19 evidenciou as fragilidades das cadeias globais de produção ao mesmo tempo em que tornou patente a necessidade de cooperação entre países para o enfrentamento de desafios globais”, aponta o documento.
“O isolamento imposto pela propagação da doença acelerou mudanças tecnológicas que demorariam anos para ser implementadas, enquanto a emergência climática levou países a anunciarem a antecipação de suas metas de redução de emissões e de obtenção da neutralidade de carbono”.
Em meio a esse turbilhão, destaca o material, a China aprovou em março de 2021 seu 14º Plano Quinquenal, que traça o roteiro para o desenvolvimento do país no período de 2021 a 2025. Sustentabilidade e a busca de autossuficiência tecnológica estão no centro das ambições de Pequim.