Presidente do Equador será investigado por offshores

Série de reportagens Pandora Papers revelou no início deste mês que Guilherme Lasso possuía 14 empresas em paraísos fiscais

Presidente do Equador será investigação após revelação do Pandora Papers
Foto: Reprodução/Twitter
Presidente do Equador será investigação após revelação do Pandora Papers

O Congresso do Equador aprovou no último domingo (10) a abertura de uma investigação para apurar se o presidente do país, Guilherme Lasso, agiu ilegalmente ao manter dinheiro em paraísos fiscais. O caso veio à tona após uma investigação da série de reportagens Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), veiculada no início deste mês. 

Além de Lasso, o consórcio revelou operações no exterior de outros dois líderes latino-americanos: os presidentes da República Dominicana, Luis Abinade e do Chile, Sebastián Piñera. Na última sexta-feira (8), o Ministério Público chileno abriu uma investigação contra Piñera sobre a venda de uma mineradora offshore nas Ilhas Virgens Britânicas para um amigo. Já no Brasil, os documentos incluíram os nomes do ministro da Economia, Paulo Guedes , e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Por aqui, entretanto, as investigações contra ambos os políticos foram arquivadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) .

A abertura de uma offshore ou mesmo de contas fora do país não é ilegal no Brasil, desde que os recursos sejam declarados à Receita Federal. No Equador, a prática também é regular, com exceção para políticos e funcionários públicos. Segundo o Pandora Papers, Guilherme Lasso chegou a controlar 14 offshores, a maioria com sede no Panamá. Ele as fechou depois que o ex-presidente Rafael Correa aprovou uma lei, em 2017, que proibia que candidatos presidenciais tivessem empresas em paraísos fiscais.

Lasso disse que anos atrás manteve "investimentos legítimos em outros países" e que se desfez dos recursos para concorrer às eleições para presidente neste ano. Segundo ele, o dinheiro é "fruto do trabalho de uma vida inteira" no Banco Guayaquil, um dos principais do Equador.

A Comissão Constitucional equatoriana deve elaborar em até 30 dias um relatório para investigar se o chefe do Executivo "possivelmente descumpriu o mandato legal do pacto de ética que proíbe que candidatos e funcionários públicos tenham recursos ou bens em paraísos fiscais".

Lasso ainda pediu que a Controladoria examine seu patrimônio e afirmou renunciar ao sigilo bancário. Ele também disse estar disposto a responder "perguntas que os parlamentares considerem pertinentes" sobre os documentos revelados pelo Pandora Papers.