A recente melhora das chuvas, principalmente na região Sul, combinada a medidas de enfrentamento da crise hídrica, reduziu significativamente os riscos de racionamento de energia no país e de apagões até o fim de novembro. A PSR, uma das consultorias mais renomadas no setor elétrico, calculou que a ameaça de racionamento é de no máximo 3% no cenário mais severo e de 0% em outras situações melhores. Isso consta em relatório distribuído a clientes. No documento divulgado em setembro, a PSR calculava o risco de racionamento em 20%.
A consultoria também levou em conta a entrada antecipada em operação de projetos de geração e transmissão de energia. “Além disso, até o momento não há sinal de atraso no período úmido, como houve em 2020”, acrescentou a PSR.
A consultoria destacou que as expectativas quanto ao início da temporada de chuvas em novembro já levaram a uma redução dos preços no mercado de energia elétrica.
No documento, a PSR atualizou suas estimativas para a situação eletroenergética do país, mantendo praticamente todos os parâmetros adotados nos últimos estudos. Ao todo, foram simulados mais de 1.200 cenários de afluências e de produção eólica e solar.
Leia Também
A partir deles, foram construídos casos futuros, considerando as ações do governo para reforçar o suprimento de energia, como mudança nas vazões das hidrelétricas e a importação de energia da Argentina e Uruguai.
A PSR verificou uma melhora substancial no “caso 1”, que possui as premissas mais severas, não considera nenhuma medida adicional da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG) e trabalha com capacidade reduzida de transferência de energia das regiões Norte e Nordeste para o Sudeste. Nesse caso mais extremo, o risco de racionamento é de cerca de 3%, e não foram enxergados problemas de apagões nos horários de pico, cenário comum até o mês passado.
Em alguns cenários simulados pela PSR, os riscos de racionamento caem para 0,6% ou até mesmo 0%, mesmo sem levar em consideração medidas do governo para incentivar redução do consumo de eletricidade, de acordo com o relatório, visto pela Mover.
As projeções da PSR também levam em conta um crescimento da demanda por energia de 5,5% neste ano, que segundo a consultoria parecem otimistas diante do atual cenário. “No entanto, o nível dos reservatórios ao final de 2021 será bem reduzido, o que levanta preocupações para 2022”, acrescentou a PSR.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) também está mais otimista sobre a situação da crise hídrica. Em nota divulgada nesta terça-feira (6), o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) afirma que o armazenamento equivalente das usinas hidrelétricas do Sul do Brasil finalizou setembro em patamar superior ao verificado em agosto, expectativa que se mantém para outubro de 2021.
Além disso, o ONS informou que a conjuntura meteorológica indica previsões com características que apontam para a transição para o período tipicamente úmido, dentro dos padrões usuais, e possível ocorrência de chuvas no curto prazo.