Segundo previsão do governo, os depósitos do auxílio emergencial devem ser encerrados em novembro. Contudo, a renovação da assistência entre abril e maio de 2022 é objeto de estudo. Nesse clima de incerteza, os pesquisadores Ana Bottega e Matias Rebello Cardomingo, do Made-USP, do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP, debateram o tema na live do Brasil Econômico desta quinta-feira (30) e reforçaram que o Estado de Bem Estar Social deve ser uma rede de proteção que garante pelo menos o mínimo.
Matias destacou um estudo realizado por pesquisadores da USP, e pontuou que a baixa renda também pode se relacionar com comorbidade. Isso porque, essas pessoas com menos condições, “tem menos tempo para acompanhar problemas crônicos e menor acesso aos serviços de saúde”. “Além de não poder se expor por causa do vírus, ainda há essa insegurança em todas as esferas, como, por exemplo, não ter a renda garantida, principalmente para os trabalhadores informais, crianças em casa, que ficaram sem a alimentação que era dada nas escolas, e mais essa situação que não se sabe o valor do próximo benefício social. Como podem criar seus filhos e manter o domicílio? Temos que discutir o tipo de país que estamos vivendo”, afirmou.
Na visão de Ana, o governo tem experiência com outros programas sociais e é responsável por investir em um planejamento. “Não deu tempo de planejar, mas é de responsabilidade de quem fornece o programa controlar como vão atender as pessoas, como planejar. Enquanto decidem várias pessoas ficaram sem receber, e esses indivíduos acabam se expondo mais,correndo o risco de ficarem doentes. O governo tem experiência com outros programas. Atitudes devem ser tomadas para gerar algum tipo de confiança nas pessoas, de saberem que vão estar comendo daqui a um mês”.
O que o governo deve fazer?
Matias defendeu que além da implementação de políticas públicas por parte do governo, “precisamos de um debate sobre qual a vontade da sociedade de permitir que as pessoas tenham acesso a esses bens fundamentais”.
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Na perspectiva de Ana, o ideal é “Um programa bem desenhado para atender as demandas de crise quando elas surgirem. O Estado de Bem Estar Social deve fornecer uma rede de proteção social para garantir pelo menos o mínimo para os cidadãos sobreviverem. Estão sendo feitas várias discussões para investir nisso. Um exemplo é um plano de renda básica que acompanha o ciclo econômico. Em época de crise, o valor do benefício aumentaria, e quando houver melhora, a quantia é corrigida. A rede deve ser abrangente e atender pelo menos o mínimo. Acabar com o Bolsa Família talvez não seja a melhor escolha, pois ele funciona muito bem”, argumentou.
Lives Brasil Econômico
Semanalmente, a redação do Brasil Econômico entrevista algum especialista para aprofundar um tema relevante do noticiário econômico. Sempre às quintas-feiras, as transmissões começam às 17h pela página do Facebook e pelo canal do iG no YouTube.