Mercosul passa por momento de mudanças
Fernanda Capelli
Mercosul passa por momento de mudanças

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Mercosul passa por um momento de transformação e sugeriu que se a Argentina estiver insatisfeita, pode se retirar da área de livre comércio. O Brasil, que atualmente ocupa a presidência do bloco, defende a redução da Tarifa Externa Comum (TEC), ponto que é rechaçado pelos argentinos.

A avaliação do ministro é de que a Argentina vive um momento delicado, mas Brasil, Uruguai e Paraguai querem dar um passo a frente. Para isso, espera que a Argentina some uma “unanimidade” no consenso, ainda que tenha alguma diferença no tratamento de uma nova regra.

"O Mercosul vai se modernizar e quem estiver incomodado que se retire", afirmou durante evento virtual nesta segunda-feira (27).

Segundo Guedes, o Mercosul travou o avanço de Brasil e Argentina, que se tornaram “prisioneiros” de uma plataforma que perdeu efetividade e precisa ser modernizada.

"A nossa posição é de avançar. Nós não vamos sair do Mercosul, mas nós não aceitaremos o Mercosul como ferramenta de ideologia. O Mercosul tem uma proposta muito clara: ele tem que nos permitir, ele é uma plataforma de integração na economia global. Se ele não entregar esse serviço, nós vamos modernizar e os incomodados que se retirem. Um dia a Argentina falou isso para os outros: ‘olha o Mercosul é como é e quem não quiser que se retire’. Vamos devolver isso para a Argentina", afirmou.

Avanço nas privatizações

O ministro também falou sobre seu plano para o Brasil em dez anos, que inclui o avanço na agenda de privatizações, incluindo gigantes como a Petrobras e Banco do Brasil, e mudanças estruturais que possam impulsionar um ritmo de crescimento mais forte.

"Qual plano para os próximos 10 anos? Continuar com as privatizações, Petrobras, Banco do Brasil, todo mundo entrando na fila, sendo vendida e sendo transformada em dividendos sociais" afirmou, fazendo menção ao plano de uso do Fundo Brasil, que abarcaria recursos obtidos com as vendas das estatais para ser repassado aos mais pobres.

Ele ainda ponderou que as privatizações não aconteceram no ritmo esperado, mas destacou o volume de R$ 240 bilhões em dois anos e meio com subsidiárias e afirmou que “as grandes” virão agora, fazendo menção à Eletrobras e aos Correios.

Geração de emprego

Mais cedo, durante evento da Caixa Econômica, Guedes criticou o Senado por não ter aprovado a Medida Provisória (MP) 1.045, originalmente feita para recriar programas como redução de jornada na pandemia, que foi acrescida de uma série de mudanças trabalhistas. A MP também recebeu dois programas de bolsas do governo, para jovens e idosos, que poderiam trabalhar em governos e empresas ganhando metade de um salário mínimo por meio período, com o objetivo de fornecer meios para estes grupos entrarem no mercado de trabalho. Mas os projetos, que segundo o governo, poderiam criar dois milhões de ocupações temporárias, caíram junto com a MP.

Após as críticas, o ministro da Economia pediu ao Congresso para aprovar as propostas que vão permitir ao governo turbinar o Bolsa Família, substituindo o programa pelo Auxílio Brasil. Para isso, o ministro citou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permitirá o parcelamento dos precatórios, que são dívidas contra a União reconhecidas pela Justiça, com o aval do Conselho Nacional de Justiça, e a reforma do Imposto de Renda, que prevê a taxação de lucros de dividendos.

"Nós precisamos do Congresso e nós precisamos, posteriormente, de uma interpretação do Supremo Tribunal Federal, com quem temos conversado. A PEC dos precatórios abre espaço fiscal e o imposto de renda é a fonte de recursos para o reforço do Auxílio Brasil, dentro do teto", disse Guedes. 

Ele antecipou que o resultado do mercado formal de trabalho de agosto virá positivo. Os dados ainda serão anunciados pelo ministro do Emprego e Previdência, Onyx Lorenzoni, nesta semana. Segundo Guedes, o Brasil está gerando entre 200 mil e 300 mil todo mês e vai superar a marca de três milhões desde o início da pandemia do novo coronavírus.

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