Instituição ligada ao Senado acredita que economia deve ficar estagnada no segundo semestre de 2021
Fernanda Capelli
Instituição ligada ao Senado acredita que economia deve ficar estagnada no segundo semestre de 2021

A Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado, prevê que o país não deve crescer no segundo semestre deste ano. A informação consta no Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) divulgado nesta quarta-feira (15).

O órgão considera que há uma "deterioração das condições de crescimento econômico”, o que afeta a perspectiva de atividade da segunda metade do ano. Entre os fatores, a alta nos juros, o risco fiscal crescente, a crise hídrica e energética, além do risco político institucional. A avaliação é que há um cenário de recuperação comprometido.

“O agravamento da crise hídrica, que pode resultar em racionamento nos próximos meses, e as dúvidas quanto à evolução da pandemia, uma vez que a variante delta do coronavírus está levando alguns países a rever suas estratégias de reabertura, impactam negativamente as decisões de investimento e de consumo dos agentes econômicos”, aponta a IFI.

No entanto, 2021 deve ter um crescimento do PIB de 4,9% devido ao carregamento estatístico do primeiro semestre, uma espécie de impulso deixado pelo resultado do período anterior.

“A probabilidade de estagnação é alta nesta segunda metade do ano. A IFI mantinha uma projeção de 4,2% para o PIB de 2021, já com viés de alta desde o RAF de agosto, e passou a 4,9% agora, mas em um contexto de piora evidente do quadro prospectivo. Isto é, a revisão seria maior, não fosse o novo futuro que se desenha”, diz o relatório.

Para o próximo ano, as perspectivas também não são boas. Considerando uma estagnação no restante deste ano, há um viés negativo para o PIB em 2022. A IFI reduziu sua projeção de crescimento de 2,3% para 1,7%, acompanhando revisões do mercado.

Fiscal

A IFI alerta que o risco fiscal não é abstrato e as propostas de reforma do Imposto de Renda e de parcelamento do pagamento dos precatórios enviadas pelo governo ao Congresso trazem um perigo adicional para as contas públicas.

A expectativa mostrada no relatório é de uma volta do aumento da dívida pública e uma apreensão dos agentes econômicos com as mudanças propostas pelo governo.

“O quadro econômico é desafiador. O risco fiscal, particularmente, materializa-se nas tentativas de mudar a Constituição para ampliar espaço orçamentário em ano de eleições gerais e no avanço da reforma do Imposto de Renda, cujo efeito seria negativo ao erário. Justifica-se, ainda, pela apreensão quanto à contratação de gastos permanentes com base em aumentos cíclicos de receita”, aponta o relatório.

Inflação

A IFI avalia que há uma persistência dos choques inflacionários mais disseminados na economia, afetando diretamente as expectativas de preços para 2021 e 2022.

Ao citar a criação da bandeira “escassez hídrica” e o consequente aumento de preços de energia, a instituição justifica um aumento nas projeções de inflação, em 8% para 2021 e 3,9% para 2022. São praticamente as mesmas expectativas do mercado mostradas pelo relatório Focus no início da semana.

Com isso, a IFI também abre a possibilidade de um aumento mais célere dos juros pelo Banco Central.

“O dado do IPCA de agosto ruim, além das incertezas do quadro doméstico, eleva a chance de que o Copom acelere o passo na alta de juros, acelerando o ritmo de ajuste da taxa Selic. Nesse sentido, entendemos, preliminarmente, que a Selic poderá encerrar 2021 em 8%”, pontuou o documento.

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