Índice mensal foi o maior em 21 anos
Sophia Bernardes
Índice mensal foi o maior em 21 anos

A inflação subiu 0,87% em agosto em relação a julho, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira. Em 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 9,68%.

Analistas consultados pela Reuters projetavam alta de 0,71% no mês e avanço de 9,50% em 12 meses.

Com o resultado, a inflação continua acelerando e permanece bem acima do teto da meta de inflação estabelecida para o ano pelo Banco Central, de 5,25%.

Oito dos nove grupos em alta

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito subiram em agosto. O destaque foi o grupo de Transportes, com a maior alta de preços.

Puxado pelos combustíveis, o segmento registrou a maior variação (1,46%) e o maior impacto (0,31 p.p.) no índice geral.

A gasolina subiu 2,80% e o etanol teve alta de 4,50%. O gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%) também ficaram mais caros no mês.

"O preço da gasolina é influenciado pelos reajustes aplicados nas refinarias de acordo com a política de preços da Petrobras. O dólar, os preços no mercado internacional e o encarecimento dos biocombustíveis são fatores que influenciam os custos, o que acaba sendo repassado ao consumidor final. No ano, a gasolina acumula alta de 31,09%, o etanol 40,75% e o diesel 28,02%", disse o analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida.

Perspectivas

A perspectiva, segundo analistas, é de piora do indicador. Isso porque há pressões de oferta e demanda que impactam os preços, além do encarecimento do dólar.

O agravamento das condições hidrológicas no país tende a manter os custos de energia elétrica elevados, ao passo em que a seca afeta a produção de alimentos e faz subir os preços da alimentação no domicílio.

Pelo lado da demanda, o avanço da vacinação e a gradual retomada da economia com diminuição das medidas de restrição à mobilidade social tendem a fazer a inflação de serviços subir.

Além disso, com a tensão política após as manifestações com pautas antidemocráticas no Sete de Setembro, o dólar tende a subir ainda mais, pressionando os preços, especialmente insumos importados. O dólar fechou em R$ 5,32 na quarta-feira e o real é a moeda que mais de desvaloriza no mundo.

Se as projeções dos analistas para a inflação -  com estimativas já perto de 8% para o ano - se concretizarem, o país registrará a maior inflação anual desde 2015, quando chegou a 10,67% e fechou 4,16 pontos percentuais acima do teto da meta inflacionária fixada pelo BC. Naquela ocasião, o Brasil passava por uma recessão econômica.

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