No dia seguinte aos aguardados atos do 7 de setembro, o dólar operava em alta ante o real pela manhã. Os investidores têm a primeira oportunidade de reagir aos discursos do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo e em Brasília, marcados por novos ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao sistema eleitoral e com a defesa de pautas antidemocráticas.
Por volta de 09h35, a moeda americana era negociada a R$ 5,2192, alta de 0,83%.
Além de digerir as falas de Bolsonaro, os agentes de mercado vão ficar de olho na reação dos outros Poderes, com destaque para o presidente do STF, ministro Luiz Fux, e para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
De olho nas reações
É esperado que Fux faça um pronunciamento para rebater os mais novos ataques do chefe do Executivo, no início da sessão do tribunal desta quarta-feira.
Nas últimas semanas Lira vinha dando declarações públicas para apaziguar os ânimos do mercado financeiro, ressaltando o respeito a responsabilidade fiscal durante a votação de pautas econômicas na Câmara.
E com o termo “impeachment” voltando a ganhar força ou mesmo sendo utilizado por quem não o defendia abertamente, como é o caso do PSDB, as atenções se voltaram ainda mais para Lira.
Para os analistas, o acirramento da tensão política visto nas últimas semanas ajudou a piorar a percepção de risco dos investidores e dificulta o andamento de reformas desejadas pelo mercado. A Bolsa acumula queda de 0,96% no ano e desde o pico, alcançado em junho, registra recuo de 9,87%.
Em comentário matinal, o economista-chefe do banco Modal Mais, Álvaro Bandeira, destaque que o dia seguinte das manifestações pode perdurar por mais tempo em um ambiente institucionalmente conturbado.
O economista espera um dia ruim para o mercado local, mas ressaltando que o desempenho das bolsas no exterior também afeta o nosso índice.
“Além dos ajustes necessários na abertura, teremos que avaliar o clima das respostas e as movimentações políticas. Mas certamente, tudo isso só piora a situação para reformas essenciais, crise hídrica, inflação, taxa cambial, juros e também para a expansão do PIB”, escreveu.
Os ataques de Bolsonaro ao STF podem dificultar a já difícil discussão acerca do pagamento dos precatórios, um dos temas que pautaram o comportamento do Ibovespa nas últimas semanas.
Além disso, o clima de constante confronto e instabilidade institucional afasta o investidor estrangeiro, componente importante para a nossa Bolsa.
“Esperamos uma abertura de viés negativo para ativos de risco locais, que não poderão contar nem com o bom humor externo para amenizar o receio com a situação de diversas incertezas que vive o país”, escreveram analistas da Guide Investimentos, em nota matinal.
Bolsas no exterior
Na Europa, as bolsas operavam em baixa. Por volta de 08h50, no horário de Brasília, a Bolsa de Londres cedia 0,43% e a de Frankfurt, 0,68%. O índice CAC 40, da Bolsa de Paris, havia baixa de 1,70%.
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, subiu 0,89%. Em Hong Kong, houve queda de 0,12% e, na China, de 0,04%.