Ministro da Economia, Paulo Guedes
Edu Andrade/Ascom/ME
Ministro da Economia, Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a economia brasileira segue forte e que a parte fiscal “continua sob controle”. A despeito da piora dos indicadores, motivada pelo avanço da inflação, pressão por mais gastos públicos e instabilidade no cenário político, Guedes diz que os fatos e fundamentos econômicos apontam que sua equipe está fazendo um trabalho correto.

"Tem se falado sobre déficit e a possibilidade de descontrole fiscal. Hoje, não há o menor fundamento, do ponto de vista estritamente econômico, para dizer que o Brasil está perdendo o controle" declarou durante congresso sobre propriedade intelectual nesta segunda-feira (23).

O governo vem enfrentando questionamentos do mercado desde que apresentou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que possibilita parcelar os precatórios (dívidas judiciais de que o governo não pode recorrer).

Essa despesa, obrigatória, era de R$ 54,7 bilhões e passará para R$ 90 bilhões em 2022, consumindo boa parte do espaço fiscal do Orçamento que seria usado para a ampliação do programa Bolsa Família. A PEC enfrenta resistências no Congresso e não será avaliada antes do prazo do governo para enviar o projeto do Orçamento para o próximo ano, que encerra em 31 de agosto.

Guedes disse que traçava esse panorama da economia brasileira para tranquilizar o público interessado na discussão sobre propriedade intelectual, que ele considerou sofisticado. Além de afastar a possibilidade de descontrole fiscal, ele afirmou que a recuperação da economia está se confirmando.

"A economia está em movimento e forte, deve crescer 5,3%. Essa é a média das expectativas, que foram revistas a cada semana, subindo sempre as revisões".

O ministro fez referência ao Boletim Focus, do Banco Central, que reúne as previsões do mercado para a economia. Ao contrário do que Guedes afirmou, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) voltaram a cair tanto para este quanto para o próximo ano.

Para 2021, o mercado projeta um crescimento de 5,27% do PIB, ante 5,28% do último boletim. Há quatro semanas, essa projeção era de 5,29%. Já para 2022, a expectativa de avanço da economia caiu de 2,04% para 2% em uma semana.

Crise política

Guedes voltou a afirmar que esse quadro é reflexo de um cenário de agudização política e antecipação das eleições. O ministro afirmou que até 40 ou 50 dias atrás as expectativas para crescimento eram melhores.

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"Nós estávamos realmente decolando e agora está havendo uma agudização política, espécie de antecipação das eleições. Evidentemente teve um impacto sobre expectativas", afirmou.

Ele disse esperar, com confiança na democracia brasileira e nas instituições, que os excessos cometidos por atores específicos sejam moderados.

"Temos de moderar os excessos para garantir a recuperação econômica brasileira", concluiu.

Nas últimas semanas a temperatura política subiu, principalmente pelo conflito entre poderes capitaneado pelos ataques do presidente Jair Bolsonaro a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e às urnas eletrônicas.

O presidente apresentou, na última sexta-feira, um pedido de impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes. O pedido foi protocolado horas após uma operação da Polícia Federal (PF), solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizada por Moraes, mirar aliados do presidente – o cantor Sérgio Reis e o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ).

Moraes também é o relator do inquérito das fake news, que gera mais preocupação no Palácio do Planalto. No início deste mês, o ministro incluiu o presidente como investigado neste inquérito, por causa de ataques aos ministros da Corte e disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas.

Além de Moraes, Bolsonaro já sinalizou que pode representar contra o ministro Luis Roberto Barroso, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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