Empresária defendeu venda dos Correios, mas disse que não sabe se Magazine Luiza participará do certame
Reprodução: iG Minas Gerais
Empresária defendeu venda dos Correios, mas disse que não sabe se Magazine Luiza participará do certame

A presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, deixou em aberto a possibilidade de compra dos Correios, mas defendeu a privatização apenas da parte logística da estatal. A declaração foi dada em entrevista à Bloomberg Línea, publicada nesta quinta-feira (12). 

Segundo a empresária, a medida ainda está sendo estudada pela empresa e só deve haver uma definição quando for a 'hora certa'. Trajano também destacou a necessidade de melhorar a logística no país e elogiou o trabalho dos Correios, mas criticou o uso político da estatal. 

"Nesse mundo digital, logística é indispensável. A parte dos Correios de correspondências, que quase não existe mais, pode manter com o governo e  continuar modernizando. Mas na parte de logística é necessário comprar aviões. Isso tudo respeitando os funcionários. Sou a favor de não destruir o que já tem. Os Correios chegam em qualquer lugar desse Brasil. O Correio muitas vezes acaba sendo usado por partido político. Quem tem que fazer competição é o mercado, não é centralizar a competição", disse.

"Se o Magazine vai entrar, eu não sei. O Magazine Luiza entra no que acha que é legal e na hora certa, ele não especula, vai na hora certa. Nós compramos mais de 15 empresas no último ano, de logística e tecnologia e também compramos outras como a Netshoes, que também é de varejo", concluiu.

Na entrevista, Luiza Trajano também se mostrou favorável a privatização de empresas que dão prejuízo ao governo federal. Entretanto, a empresária se posicionou contrária a privatização do Sistema Único de Saúde (SUS), serviços educacionais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. 

"Acho que saúde não deve ser privatizada, assim como alguns bancos. Banco do Brasil e Caixa Econômica têm que ficar do jeito que está, de forma mista. Saúde e educação eu não sou a favor de privatizar, mas imagina estatais que só dão prejuízo, por que não? O Governo tem que tratar da saúde, da educação, da segurança e da habitação. Quando sou a favor disso, defendo abertura de mercado, privatizar Correios, dizem que sou de direita; quando eu defendo o Bolsa Família dizem que eu sou da esquerda. Tem coisas que eu sou bem liberal", opinou. 

A agenda de privatizações é uma das defesas do ministro da Economia, Paulo Guedes, que tenta emplacar reformas estruturantes e privatizações no Congresso Nacional. No caso dos Correios, o projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados na última semana e deve ser analisada pelo Senado até o fim deste mês. A Eletrobras é outra empresa pública que será vendida pelo governo federal. A medida passou pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro. Os certames de venda devem acontecer apenas em 2022. 

Candidatura 

À Bloomberg Línea, Luiza Trajano voltou a negar sua possível candidatura à presidência da República nas eleições de 2022. O nome dela foi cotado entre partidos como terceira via. A empresária também foi colocada como possível vice-presidente em chapas eleitorais. 

A empresária lembrou de uma ligação telefônica dos netos, pedindo para que ele não se candidatasse. Ela ressaltou não ter interesse, neste momento, em ser cabeça de chapa, mas não negou a possibilidade no futuro. 

"'Eu nunca' não existe na minha palavra de empreendedora. Sendo bem sincera, eu não acredito que nenhuma pessoa vai mudar o país se não for através de um grupo forte. Eu sou política e o grupo de Mulheres do Brasil [criado por Trajano] é político. Sem melhorar a pandemia no Brasil, não vamos poder fazer nada. O Brasil está com uma imagem muito ruim de pandemia. Eu já estou trabalhando nisso, mas ainda não tão intenso como pretendo a partir de setembro: fazer um planejamento estratégico para o Brasil de 2022 a 2032 em quatro pilares. São habitação, emprego, saúde e educação, ancorados pela sustentabilidade", afirmou.

"Não, e não vou ser", respondeu ao ser questionada sobre a possível candidatura.

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