Não há evidência de fraude e urna eletrônica é segura, diz PF
Reprodução: ACidade ON
Não há evidência de fraude e urna eletrônica é segura, diz PF

Um dos signatários do manifesto de empresários e intelectuais em apoio ao sistema eleitoral, o empresário Guilherme Leal, um dos fundadores da Natura e copresidente do Conselho de Administração da empresa, considera "totalmente inaceitável" que lideranças políticas questionem a realização de eleições.

Em entrevista ao GLOBO, o empresário que atua politicamente através da Rede de Ação Política Pela Sustentabilidade (Raps) afirmou que é hora de a sociedade se mobilizar para defender a democracia. “Não se discute eleição. Cumpre-se o que está na legislação”, disse.

Leal conta que teve contato com o manifesto por meio do Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), grupo sem fins lucrativos que reúne empresários e cientistas políticos.

Segundo ele, os integrantes já vinham trocando mensagens, mas o manifesto, negociado há cerca de 20 dias, ganhou força com a situação “aguda” de “confrontação entre Poderes”, gerada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Leal disse que acha que a classe política é sensível à manifestação da sociedade e que a maior parte dos políticos sinalizou que não "seria parceira de aventuras". “A classe política vive da sua relação com seu eleitorado”, resumiu.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

Qual a importância desse manifesto neste momento?

É um momento que exige posicionamento. E vai continuar exigindo. A sociedade precisa se manifestar de forma enfática para defender o Estado democrático de direito.

Nós temos crises, muitas crises. Mas a democracia está no centro dessas crises. Ainda mais quando as lideranças políticas, as lideranças de poder, começam a questionar a existência de eleições, que é o pilar central da democracia. Isso é totalmente inaceitável.

Por que o senhor decidiu assinar?

Nós não conseguimos lidar com as outras crises sem ter democracia. E a sociedade precisa falar, na sua diversidade, nas suas lideranças, nas suas elites.

Você viu?

Ela precisa se manifestar em alto e bom som. Não se discute eleição. Se cumpre o que está na legislação.Acho que a resposta foi positiva (ao manifesto) e o sinal está dado.

Como foi tomada a decisão de reunir representantes de diferentes setores do país?

Eu tenho muito boa relação com o pessoal do Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP) (que começou o manifesto) e com vários grupos que acompanham com cuidado as diversas as políticas públicas e centralmente essa questão de um diálogo democrático. E vem se trocando ideias permanentemente.

E neste momento onde se agudizou essa confrontação entre poderes, entendeu-se que seria importante uma manifestação. Uma explicitação dos compromissos que essas lideranças sociais, empresariais, políticas, acadêmicas e culturais têm. E assim surgiu a ideia (do manifesto). Ela já estava sendo considerada há 20 dias, um mês e chegou o momento de colocá-la na rua.

Em nenhum outro momento se viu tantas criticas à lisura do processo eleitoral...

Infelizmente é um momento inédito. Eu que fui para a rua no movimento das Diretas Já e vivi os tempos escuros da ditadura sei o valor que tem a democracia. Ela não vem de graça e precisa ser resguardada. Mas ela vem explicitamente sendo colocada em dúvida.Toda hora se fala de 'dentro e fora de linhas'. Isso é uma ameaça que a sociedade não pode aceitar e precisa se manifestar com clareza.

O senhor espera uma postura mais enfática também da classe política em relação às críticas ao processo eleitoral?

A classe política é muito sensível à manifestação da sociedade. A classe política, de certa forma, vinha já sinalizando que não seria parceira de aventuras. Pelo menos a maioria da classe política. Mas eu acho que agora ela vai estar mai sensível, sentindo esse termômetro da sociedade, esse sinal bastante eloquente.

A classe política vive da sua relação com seu eleitorado. E se uma parcela relevante da sociedade se manifesta nessa direção, eu tenho a impressão que a classe política deve aumentar o seu apetite para defender a democracia.

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