A proposta em discussão no Ministério da Economia de aumentar o valor médio pago pelo programa Bolsa Família, de R$ 192 para R$ 400
, vai aliviar as contas de muita gente. Por outro lado, o crescimento da demanda pode fazer com que a inflação suba junto, mas esse não é principal vilão do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no país.
O Diretor-Presidente da Instituição Fiscal Independente, Felipe Salto , convidado da Live do Brasil Econômico desta quinta-feira (5), explica que o Brasil vive um período de carestia, ou seja, de encarecimento do custo de vida.
"Quando você olha o IPCA, você vê que a alimentação, fora e dentro do domicílio, carne, arroz, feijão, coisas básicas são os que mais tem aumentado. O auxílio ajuda a amenizar esse fator, mas não resolve, O botijão de gás, por exemplo, está custando quase R$ 100, dependendo da região."
Ele salienta que o auxílio estimula o consumo, uma vez que havia uma demanda reprimida graças aos preços elevados. Mas, o problema da inflação no Brasil não é a demanda, e sim a taxa de câmbio.
"O preço do dólar aumentou muito do fim do ano passado para cá. Isso deve a instabilidade política e às incertezas externas também. Nossas importações são afetadas e acabam resvalando nos serviços e no consumo."
Você viu?
Reação do Banco Central
Para controlar o quadro inflacionário, o Banco Central (BC) subiu na tarde de ontem (4) a taxa básica de juros, a Selic, em 1% , elevando de 4,25% para 5,25%.
Para Felipe, a expectativa é que essa taxa suba ainda mais. Mas, ressalta que não existe "bala de prata" para o problema.
Já aconteceu antes
Em 2019, quando o governo federal estipulou o auxílio emergencial de R$ 600, o que foi observado na prática foi o aumento de preços de itens básicos. Construção civil e alimentação foram os mais afetados, a carne, por exemplo, subiu 20,12% de abril a outubro, segundo análise divulgada pelo BC.
O Diretor da IFI diz que para isso, o governo precisa atacar o problema fundamental: a desigualdade. E isso não se faz "da noite para o dia", diz ele.
"Isso não se faz com medidas aqui e acolá, impensadas, é necessário observar estudos, como o do CDPP (Centro de Debates de Políticas Públicas) que propõe a unificação de programas menos efetivos, como o abono salarial, por exemplo."
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