Tripulação presa no navio Ever Given
Reprodução UOL
Tripulação presa no navio Ever Given

Com uma cerimônia para assinatura do acordo, o cargueiro Ever Given começou, finalmente, a sair do Canal de Suez nesta quarta-feira (7), onde estava detido há quase quatro meses .

O navio de 400 metros , um dos maiores porta-contêineres do mundo, estava no Grande Lago Armado desde que foi desencalhado, no fim de março. Na ocasião, a Autoridade do Canal solicitou uma indenização de seu proprietário japonês, Shoei Kisen, e de suas seguradoras para liberar a embarcação.

Uma testemunha da Reuters a bordo de um rebocador viu o navio, que tem capacidade de 200 mil toneladas, começando a se mover para o norte no Grande Lago Armado, que separa duas seções do canal.

Fontes do Canal disseram que o Ever Given, que carrega cerca de 18,3 mil contêineres, será escoltado por dois rebocadores e guiado por dois pilotos experientes enquanto atravessa o canal, uma das vias navegáveis mais movimentadas do mundo, em direção ao Mediterrâneo.

Depois de muita negociação, no último domingo, finalmente, foi anunciado um acordo sobre a compensação pelo resgate do navio, que bloqueou o tráfego na hidrovia por seis dias. Um rebocador com capacidade para puxar embarcações com até 75 toneladas será entregue à autoridade do canal como parte do acordo assinado para a liberação do navio Ever Given.

A responsável pelo Canal chegou a exigir US$ 916 milhões em compensação para cobrir esforços de salvamento, danos à reputação e perda de receita, mas o pedido foi reduzido para US$ 550 milhões.

No meio dessa disputa, estavam os 25 tripulantes de origem indiana, que também ficaram detidos na embarcação, reféns de um conflito multimilionário envolvendo o navio de bandeira panamenha, propriedade de uma holding japonesa e operada por uma empresa alemã. Chegou-se até a pensar que eles poderiam permanecer por anos no navio, enquanto as divergências sobre o valor do resgate não fossem solucionadas.

Seis dias encalhado

Navio interrompeu passagem pelo Canal de Suez
Reprodução/Maxar Technologies
Navio interrompeu passagem pelo Canal de Suez

O Ever Given encalhou no canal de Suez no dia 23 de março. O acidente provocou o bloqueio da circulação da rota marítima, uma das mais utilizadas do mundo, ligando o Mar Vermelho ao Mediterrâneo. O incidente chegou a causar um congestionamento de mais de 400 embarcações. O cargueiro saiu da China e tinha como destino a cidade portuária de Rotterdam, na Holanda.

Quando o Ever Given encalhou, cogitou-se que as condições meteorológicas foram culpadas pelo incidente. Logo depois, os investigadores passaram a questionar a competência da tripulação e uma possível negligência. Mas, na realidade, ainda não se sabe ao certo o que provocou o problema.

Cerca de 12% do comércio mundial flui através do Canal de Suez, tornando-o tão estratégico que as potências mundiais lutam pela hidrovia desde que foi concluída em 1869. Aproximadamente 30% do volume mundial de contêineres de transporte transita pelos 193 km do canal diariamente.

Uma estimativa aproximada mostrou que o bloqueio afetou cerca de US$ 9,6 bilhões em tráfego por dia, de acordo com cálculos da Lloyd's List, sugerindo que o tráfego no sentido Oeste equivale a cerca de US$ 5,1 bilhões por dia, e o tráfego no sentido Leste movimenta US$ 4,5 bilhões por dia.

Um bloqueio como este no Canal de Suez é um evento raro na história das principais rotas marítimas comerciais. Desde o início da operação do Canal, em 1869, houve apenas cinco interrupções do tráfego de navios.

Baleia encalhada

Para retirar o navio, que parecia uma baleia encalhada, na opinião de alguns analistas, foram necessários seis dias, praticamente uma operação de guerra. Dragas de sucção especial foram usadas para mover entre 15 mil a 20 mil metros cúbicos de areia e lama, o equivalente à capacidade de oito piscinas olímpicas.

Depois de várias tentativas infrutíferas, no dia 29 de março, finalmente o navio estava livre.


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