Integrantes do Ministério de Minas e Energia se reuniram com representantes da indústria nesta sexta-feira (4). Os técnicos estão discutindo um programa para incentivar grandes consumidores a reduzir o consumo de energia elétrica nos momentos de pico de demanda, em meio a uma crise hídrica histórica que atinge os principais reservatórios de usinas hidrelétricas .
O governo quer simplificar um programa que já existe, mas que até agora teve pouca adesão. Esse programa, chamado de Resposta da Demanda, é um mecanismo para gerenciar o consumo dos clientes em resposta às condições de oferta das fontes energéticas do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O MME não quer obrigar as empresas a aderirem ao programa. Uma adesão compulsória é vista no setor elétrico como uma forma de racionamento de energia, o que é descartado pelo governo. Por isso, o trabalho é para incentivar a adesão voluntária.
Dentro do governo, não está sendo discutida a possibilidade de incluir também incentivos para os consumidores residenciais (atendidos por distribuidoras de energia elétrica), porque isso obrigaria trocar o relógio de medição de todas as residências. Os grandes consumidores não têm o fornecimento intermediado pelas distribuidoras.
Hoje, nos momentos de pico da demanda, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) coloca em operação um conjunto de usinas termelétricas caras e poluentes, além de exigir mais de hidrelétricas, para garantir o suprimento, mesmo em momentos de seca.
Com o programa para reduzir o consumo, nos momentos de pico, o ONS pode solicitar que o consumidor industrial reduza sua demanda. Ele é compensado financeiramente pela redução do seu consumo por meio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Isso acaba sendo positivo para todos os consumidores porque reduz o custo de operação do sistema e também economiza água nos reservatórios das hidrelétricas.
O programa Resposta da Demanda ainda é recente, teve pouca adesão e é considerado complexo pelas empresas. Por isso, o governo está conduzindo conversas para simplificar e ampliá-lo.
O incentivo para os grandes consumidores de energia elétrica faz parte das medidas do governo para garantir a segurança e confiabilidade do atendimento à carga do sistema ao longo de 2021, principalmente durante o período seco que se estende usualmente até novembro.
O objetivo das conversas com a indústria é dar “flexibilidade operativa” para o atendimento à carga do sistema nos horários em que há maior demanda por energia, como, por exemplo, nos dias úteis ao longo da tarde e início da noite. O pico de demanda do sistema é à tarde, o que se agrava durante a seca, já que mais consumidores ligam aparelhos de ar condicionado.
Por isso, reduzir o consumo de grandes empresas nos momentos de pico ajuda a guardar mais água nos reservatórios e também não rodar termelétricas mais caras (geralmente as movidas a óleo combustível).
Durante a reunião desta sexta, o ministério reiterou que está implementando mudanças nas vazões das hidrelétricas com o objetivo de guardar mais água dos reservatórios. Hoje, sai mais água das barragens do que entra. A intenção agora é reter água, o que acaba prejudicando outros usos, como irrigação e navegação.