Sem apoio do Congresso, Guedes está cada vez mais ameaçado no Ministério da Economia
Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Sem apoio do Congresso, Guedes está cada vez mais ameaçado no Ministério da Economia

O impasse em torno do Orçamento 2021 aumentou a pressão de congressistas para desmembrar o Ministério da Economia e deixar o ministro Paulo Guedes no comando de áreas estratégicas da pasta. Para parlamentares, Guedes está sobre carregado e com a imagem desgastada nos corredores do Congresso Nacional .

A ideia já circula nos corredores do Palácio do Planalto, mas há receio que o ministro não aceite o desmembramento da pasta e deixe o governo. Bolsonaro, inclusive, teria assumido o controle das negociações do orçamento com o Congresso para tentar acalmar os ânimos.

Parlamentares afirmam que Guedes está travando o texto imposto pelo Legislativo e ressaltam a visão exclusivamente econômica e não política. Para os congressistas, o ministro deveria zelar pela área econômica, mas dar brechas para aumento de despesas políticas, principalmente em véspera de eleições.

Já a equipe de Guedes defende o veto parcial em emendas que diz respeito a ações do Congresso Nacional. Caso contrário, a pasta comunicou a presidência de possibilidade de crime de responsabilidade, afirmação rechaçada pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

O desafio para manter a pasta econômica intacta não está apenas nos bastidores legislativos. Militares apoiadores de Bolsonaro também querem o desmembramento do Ministério da Economia. A ideia é defendida desde o início do governo, mas sempre foi relevada pela ala.

Indefinição orçamentária

O trecho em que aumenta os gastos com emendas parlamentares é o principal motivo para os impasses entre o Congresso Nacional e o Ministério da Economia. No texto aprovado no Legislativo, há um acréscimo de R$ 26,4 bilhões para os gastos dos parlamentares em suas bases eleitorais. A manobra é vista por assessores da pasta econômica e por especialistas como propaganda política para as eleições de 2022 .

Esse aumento de gastos acendeu o sinal de alerta de Paulo Guedes, que logo avisou ser inviável os reajustes nas contas públicas. Desde então, negociações são realizadas entre os presidentes legislativos e a equipe econômica.

O relator do texto, senador Márcio Bittar (MDB-AC), até sugeriu a criação de um projeto de lei que retira R$ 10 bilhões em emendas parlamentares em troca da sanção do Orçamento aprovado pelo Congresso. Mas a ideia não agradou a Guedes, que solicita, pelo menos, a redução de R$ 13 bilhões em emendas.

Devido às discussões, os parlamentares passaram a chamara Paulo Guedes de Evergreen, navio que ficou encalhado por seis dias no Canal de Suez. Na visão do Legislativo, Guedes está travando as negociações para solução do Orçamento.

Desmembramento

Congressistas e militares sugerem reaver os ministérios da Indústria e Planejamento , áreas de interesse da cúpula do centrão. Na opinião de parlamentares, a volta das pastas poderá facilitar as negociações entre o Legislativo e o Executivo e manter o apoio do centrão à Bolsonaro.

Na outra ponta, a ideia é rechaçada pelo ministro Paulo Guedes, que ameaça desembarcar do governo se isso for feito.

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