O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou o aumento de 39% no gás, anunciado pela Petrobras na última segunda-feira (05) . Para Bolsonaro, o reajuste é “inadmissível” e ressaltou a necessidade de previsibilidade nas ações da estatal.
Em discurso na inauguração de obras no Aeroporto de Foz do Iguaçu (PR), Jair Bolsonaro disse que não irá interferir na política de preços da Petrobras, mas deixou aberto a possibilidade de mudanças com a entrada de Joaquim Silva e Luna no comando da empresa.
Desde o começo deste ano, o Palácio do Planalto é pressionado por caminhoneiros e setores políticos a diminuir os preços dos combustíveis. Para agradar as categorias, Bolsonaro isentou impostos federais para o diesel e gás de cozinha e enviou um projeto ao Congresso Nacional em que solicita a alteração de cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) . O projeto foi retirado das demandas prioritárias para alterações no texto e, segundo o Planalto, deve ser devolvido ao Legislativo em até 15 dias.
Aumento do gás
Na última segunda-feira (05), a Petrobras anunciou o aumento de 39% no preço do gás natural nas refinarias. De acordo com a estatal, os valores fazem referência ao primeiro trimestre deste ano e passarão a valer a partir de 1º de maio.
A variação decorre da aplicação das fórmulas dos contratos de fornecimento, que vinculam o preço à cotação do petróleo e à taxa de câmbio, disse a estatal. As atualizações dos preços dos contratos são trimestrais.
"Os preços de gás natural da Petrobras também incluem o repasse dos custos incorridos pela companhia para o transporte do energético até o ponto de entrega às distribuidoras, que são definidos por tarifas reguladas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Esta parcela do preço é atualizada anualmente no mês de maio pelo IGP-M, que, para o período de aferição (março de 2020 a março de 2021), registrou alta de 31%", afirmou a empresa.
Interferência na Petrobras
Os sucessivos aumentos nos valores dos combustíveis feitos pela Petrobras, devido aos reajustes no barril de petróleo internacional, acenderam o sinal de alerta no Palácio do Planalto no começo deste ano. O presidente Jair Bolsonaro se viu pressionado por caminhoneiros, inclusive com ameaças de greve, a tomar decisões para diminuir o preço dos combustíveis.
A primeira decisão foi tirar o então presidente da estatal, Roberto Castello Branco, e colocar o militar da reserva, Joaquim Silva e Luna. A troca no comando da Petrobras agitou o mercado financeiro, que interpretou a alteração como interferência de Bolsonaro.
Na mesma semana, o presidente anunciou a isenção da alíquota de impostos federais para o diesel e gás de cozinha e solicitou aos estados a redução do ICMS, medida rechaçada pelos governadores.