Dados da Federação Nacional de Distribuição de Veículos (Fenabrave) apontam crescimento de 15,78% na venda de veículos em março deste ano se comparado ao mesmo mês de 2020. De acordo com o levantamento, no mês passado foram emplacados 189,4 mil veículos.
O destaque do mês ficou para a venda de caminhões que subiu 65,79% em março e apresenta alta de 27,55% no acumulado do ano. Já os emplacamentos de automóveis apontaram alta de 8,16% no último mês.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, explica que o crescimento se deve a queda nas vendas em fevereiro. O especialista ressalta que os dados apresentados não condizem com a realidade do setor em meio à pandemia .
“Temos que fazer uma análise sazonal. Março do ano passado foi um mês muito ruim e fazendo uma margem de dias úteis, fevereiro teve uma baixa muito grande, por isso o mês passado foi favorecido”, afirma.
“Tirando a sazonalidade, vemos que a situação é muito complicada, é um falso sentimento de que o país está crescendo”, ressalta.
Embora o aumento em emplacamentos tenha animado o setor automotivo, os índices de vendas no primeiro trimestre apresentaram queda de 5,39% neste primeiro trimestre comparado ao mesmo período do ano passado. Segundo a Fenabrave, o Brasil emplacou 527,9 mil unidades em três meses, o que coloca em xeque a continuidade de crescimento nas vendas.
Outro ponto preocupante é a falta de peças para a produção de automóveis no Brasil. Nas últimas semanas, montadores pararam de produzir por falta de produtos e aproveitaram a brecha para deixar funcionários em casa e evitar a contaminação de Covid-19 nas indústrias.
Ao todo, nove montadoras paralisaram suas produções, dentre elas, o setor de automóveis e caminhões da Volkswagen, a Mercedes-Benz Caminhões e as montadoras Honda, Renault e Nissan.
“O setor está tendo que se virar. Estamos observamos através dos preços os repasses que estão ocorrendo. Os preços subiram bastante em decorrência de peças importadas, por isso, conseguimos observar que as montadoras que mantém a produção estão sendo obrigadas a repassar isso para o consumidor”, explica Étore Sanchez.
“O mercado financeiro espera uma recuperação gradativa. O endividamento das famílias cresceu bastante na pandemia. Empresas também tomaram crédito, para fluxo de caixa e isso aumentou o endividamento da economia. O veículo, que é um produto adquirido por crédito, é muito difícil que tenha um crescimento alto”, acredita.