O ministro da Economia, Paulo Guedes , sugeriu a criação de um fundo com ativos de empresas estatais para bancar a ampliação do Bolsa Família ou um novo programa social , chamado por ele de Renda Brasil . Em audiência no Senado, nesta quinta-feira (25), Guedes disse que o fundo, batizado de “Fundo Brasil”, seria composto pelo valor arrecadado com a venda da estatais deficitárias e de dividendos de empresas públicas que dão lucros.
"Imaginem que nós tenhamos esse Fundo Brasil, que nós separemos lá os ativos que dão retorno ou os que vão ser vendidos e coloquemos isso nesse Fundo Brasil. Eu tenho já uma proposta interessante para nós sentarmos e elaborarmos. Uma parte disso pode justamente ajudar o Renda Brasil, pode complementar, para poder permitir um programa social mais robusto", disse Guedes.
O ministro afirmou ser preciso que a população se sinta donas das estatais.
"Isso faz com que o povo sinta que as estatais são dele. Isso é patrimônio do povo brasileiro. Já está na hora de isso chegar ao povo brasileiro direto, sem intermediários. O dinheiro tem de chegar aos mais pobres. Então, vamos robustecer os programas sociais com isso", acrescentou Guedes.
O Renda Brasil chegou a ser estudado para substituir o Bolsa Família no ano passado. A ideia era aumentar o valor médio do benefício, hoje R$ 190, e inserir mais famílias — atualmente são 14 milhões. A proposta da equipe econômica era acabar com outros programas sociais, como o abono salarial, para financiar o Renda Brasil. O presidente Jair Bolsonaro, por outro lado, vetou as mudanças.
Guedes foi questionado diversas vezes sobre a possibilidade de aumentar o auxílio emergencial. Em 2020, o governo pagou cinco parcelas de R$ 600 e três de R$ 300. Depois de três meses sem auxílio, em 2021 o governo pretende pagar quatro prestações de R$ 250 a partir de abril.
Citando também o Bolsa Família, o ministro disse ser preciso contrapartidas para subir os valores dos benefícios.
"Se você aumenta esse valor sem, do outro lado, ter as fontes de recursos corretas, você traz de volta a hiperinflação. Ou não precisa nem falar em hiper, traz uma inflação de dois dígitos, como era antigamente, com juros altos. E o resultado final é desemprego em massa, 40 milhões de brasileiros invisíveis num lado, e o imposto mais cruel de todos sobre os mais pobres, que é a inflação", conta o ministro.
O ministro também criticou governos anteriores por não aumentarem o valor do Bolsa Família.
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"Eu acho muito interessante as pessoas que ficaram anos aqui, no governo e que botaram o Bolsa Família em R$ 200. E, de repente, ela (a senadora) me pergunta por que não é R$ 600. Eu também estou indignado com esse valor. Eu não consigo nem entender por que ficou tantos anos assim, com um valor tão baixo. Eu quero fazer uma denúncia pública de como ficou baixo por tantos anos esse valor".
Guedes afirmou também que o Estado tem “um trilhão” em ativos imobiliários, “um trilhão” em participação em empresas estatais, mas “prefere carregar a máquina dele aparelhada do que dar o dinheiro para o pobre”.
"Em vez de dar o dinheiro para o pobre direto, o dinheiro é justamente para as corporações, que dão apoio para os sindicatos, para todos os grupos políticos que elegem e se esquecem de dar o dinheiro, na veia, para o pobre", disse Guedes.