O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou no fim da tarde desta quarta-feira (17) o reajuste em 0,75% da Selic e agora a taxa juros será de 2,75% ao ano. Essa é a primeira vez, em cinco anos, que a taxa básica de juros sofre alta.
De acordo com especialistas, a decisão do Copom era previsível e reflete as dificuldades econômicas que o país enfrenta em decorrência dos aumentos de casos de Covid-19 . Em comunicado, o comitê informou entender "que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021 e, principalmente, o de 2022".
"O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia", diz a nota.
O gestor da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, acredita que a decisão foi acertada e deve reduzir os índices de inflação nos próximos meses. No entanto, ele alerta que a situação econômica do país pode piorar e causar outros reajustes na taxa de juros.
“A inflação está crescendo muito e está batendo na meta estipulada pelo Banco Central. Por isso o Copom aumentou a taxa, para equilibrar os índices inflacionários”, afirma.
O Copom tenta equilibrar os efeitos da pandemia de Covid-19 na economia do país. Em 2020, o conselho reduziu a Selic de 4,25% para 2%, com o objetivo de aumentar manter a geração de empregos no país. Para isso, foi necessário prever a alta de inflação .
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Os preços dos alimentos e combustíveis assustaram a população no começo deste ano. Nos últimos 12 meses, a carne subiu 29% e a gasolina apresentou alta de 54% entre janeiro e março deste ano . A última, inclusive, é considerada a vilã da inflação no começo de 2021, que está prevista para 4,4%, segundo o Boletim Focus .
“Para conseguir controlar os efeitos negativos da pandemia na economia, o Copom decidiu manter a redução da Selic e aumentar a capacidade de recuperação financeira do país”, explica Silveira.
“Essa alta prevista para este ano vai impactar na velocidade de recuperação da economia do país. A geração de empregos, por exemplo, vai continuar, mas de forma mais lenta”, completa.
A previsão é que a Selic encerre o ano entre 5,5% e 6%, as maiores taxas desde outubro de 2019. No entanto, os reajustes na taxa básica de juros vão depender da situação econômica do país nos próximos meses.
“Essas porcentagens servirão para equilibrar a economia do país em 2021. Vale ressaltar que os números são uma previsão. O que vai confirmar ou não é a situação econômica do Brasil no decorrer dos próximos meses”, ressalta o especialista.
O Copom volta a se reunir em maio e prevê mais um reajuste de 0,75% na taxa básica de juros, salvo mudanças na situação econômica no país.