Nesta quinta-feira (11), Maite Leite , CEO do Deutsche Bank , foi a entrevistada na live do Brasil Econômico . Na edição especial da semana da mulher , a gestora afirmou que os desafios da inclusão feminina em um mercado financeiro predominado por homens passam, antes de tudo, pela conciliação entre os “serviços” da mulher.
“É difícil conciliar os nossos papéis de uma forma saudável e que nos faça sentir realizadas”, diz Maite. Para ela, muitas vezes as ambições profissionais, familiares e sociais das mulheres colidem, e é importante que, para não deixar que um campo da vida se sobreponha aos outros, a tomada de escolhas seja pacífica e racional.
“Isso não é simples. Nós temos uma agenda ampla e é na nossa natureza oscilar”, explica. Para vencer este desafio, Maite apostou no autoconhecimento. Segundo ela, esta ferramenta, apesar de batida, ajudou-a a se conhecer melhor e, principalmente, a compreender melhor as outras pessoas. Com isso, “você consegue entender as dinâmicas dos outros, e aí você comunica, orienta e negocia melhor”.
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Ela aponta que o autoconhecimento é quase um instrumento técnico de psicologia que a ajuda, inclusive, a influenciar seus chefes no exterior e se posicionar perante as outras pessoas para conseguir o desejado.
Além disso, ela conta que, durante sua trajetória, contou com a ajuda de pessoas próximas e distantes da sua área de atuação para pedir conselhos e orientações. Para ela, a rede de conexão entre as mulheres deve ser ampla para que todas se ajudem em eventuais momentos de instabilidade ou incerteza.
Maite teve boas referências femininas em sua carreira, que vão de duas chefes em bancos a muitas colegas em postos superiores. Ainda assim, ela adverte que discussões de inclusão e diversidade se efetivam a longuíssimo prazo. “Eu comecei a discutir a presença feminina no mercado financeiro há 25 anos. Evoluímos muitos e hoje há muita conscientização sobre esta importância”, ela diz.
Mas entre a conscientização e a ação e a formação, leva muito tempo, avalia. Para uma inclusão efetiva, é necessário que haja uma estrutura de recrutamento e capacitação mas, principalmente, que garanta a continuidade e a ampliação da atuação destas mulheres no mercado.
Empresas e sociedade
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Maite integra um grupo de bancárias de outras instituições internacionais que seleciona, prepara e recruta mulheres para o mercado financeiro desde 2018. Todo o processo é virtual e cresce a cada ano, diz a gestora. Ela aposta na educação como ferramenta de inclusão social e econômica, e por isso, trabalha como professora voluntária em programas de inclusão e de estímulo de classes sociais mais frágeis ao empreendedorismo e ao mercado financeiro.
“A inclusão social só acontece com a formação técnica, comportamental e de conteúdo”. Todos os seus projetos sociais e performances dentro da empresa tem esse denominador comum, conta.
Para ela, a integração entre o setor público, o setor privado e o terceiro setor é decisiva para a diminuição das desigualdades sociais - não só a de gênero. Sem essa ação conjunta, ela diz, não se consegue mudar a força de trabalho de uma empresa nem o perfil da população de um país.
Maite aponta, entretanto, que é necessário que os líderes do setor produtivo se exponham a sociedade e a diversidade da sociedade se quiserem se adequar ao mercado atual.“É muito fácil você estar em um escritório na Faria Lima discutindo políticas de diversidade e inclusão, mas é preciso ter a experiência na ponta para que essa mudança seja efetiva”, diz.
Lives Brasil Econômico
Semanalmente, a equipe do Brasil Econômico traz um entrevistado diferente para discutir assuntos relevantes da economia atual, sempre às quintas, 17h.
Maitê Leite, CEO do Deutsche Bank Brasil, professora e voluntária, foi entrevistada pela editora do portal iG, Ludmila Pizarro e pelas jornalistas Dimitria Coutinho e Eduarda Esteves.
Leite ainda opinou sobre a retomada econômica prevista para o segundo semestre e detalhou pontos da sua carreira que podem inspirar jovens mulheres que aspiram pelo mercado financeiro.
Assista na íntegra!