Xi  Jinping mandou indireta aos Estados Unidos com sanções comerciais feitas ainda sob comando de Donald Trump
BBC
Xi Jinping mandou indireta aos Estados Unidos com sanções comerciais feitas ainda sob comando de Donald Trump

"Só há uma Terra e um futuro compartilhado pela humanidade. Precisamos ficar juntos, dar as mãos e deixar o multilateralismo nos guiar". Assim o presidente da China, Xi Jinping , concluiu o primeiro pronunciamento especial entre os líderes de nações na versão virtual do Fórum Econômico Mundial . Segundo Xi, o mundo deve fortalecer a coordenação da política macroeconômica e remover as barreiras ao comércio, investimento e intercâmbio tecnológico, apoiando o multilateralismo como a saída para os desafios atuais. Ele alertou, sem mencionar os Estados Unidos , que as disputas comerciais contínuas podem levar a uma nova Guerra Fria .

O líder chinês abriu seu discurso enfatizando que com a pandemia, "que está longe de acabar", o planeta vive uma das piores recessões de sua história, raramente vista, e a mais grave desde o fim da Segunda Guerra Mundial .

"Mesmo com trilhões de dólares em programas de alívio, a recuperação é incerta", afirmou, mas disse acreditar que no fim a humanidade prevalecerá contra o vírus, saindo mais forte da jornada.

"Devemos construir uma economia mundial aberta, descartar padrões, regras e sistemas discriminatórios e excludentes", ressaltou o presidente da China. 

Segundo Xi, quatro pontos são cruciais para trazer a economia global de volta a estabilidade. O primeiro é melhorar a coordenação e organização da política macroeconômica . O segundo, deixar de lado os preconceitos ideológicos que levam ao isolamento dos países .

"Cada país tem sua própria história, sistemas e características, e nenhum é superior ao outro", disse ele.

"Não há civilização humana sem diversidade e diferenças históricas. Em vez do ódio e do preconceito, que causam alarme, a escolha certa é a coexistência pacífica, deixando de lado as diferenças", completou.

A terceira solução é trabalhar para fechar o abismo entre o Norte e o Sul, entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento.

"Esse abismo aumentou com a pandemia, e temos que reconhecer que avanços no desenvolvimento dos países mais pobres vão tornar mais sólido o terreno para a melhora econômica global", sentenciou Xi.

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A quarta medida seria a construção de um futuro conjunto para evitar novas emergências de saúde como a Covid-19 , reforçando os órgãos internacionais de saúde e os tratados para fazer face às mudanças climáticas, como o Acordo de Paris, mantendo as metas de neutralidade de emissões de carbono.

"Nenhum país sozinho pode fazer tudo isso. É preciso que todos tenhamos um compromisso com o multilateralismo e façamos consultas mútuas", disse Xi.

"Criar conflitos e fomentar uma nova Guerra Fria nos empurrarão para o confronto e só levarão a um beco sem saída. Não devemos retomar os caminhos do passado e sim apostar em igualdade, paz, justiça e liberdade". 

Leis internacionais

Para conseguir a cooperação e coordenação macroeconômicas, declarou o presidente chinês, é preciso obedecer à lei internacional, representada por organismos como as Nações Unidas e o G20 , em vez de cada país tentar ganhar vantagens para si, numa competição desigual.

"As relações entre os países devem ser mediadas por entidades internacionais, em vez de guiadas por altos unilaterais de força. Dessa forma, voltaremos à lei da selva", disse Xi.

"Antagonismo com guerras comerciais vai afetar a todos, é preciso mais confiança mútua entre os países. Queremos resolver disputas com negociações e cooperação", ressaltou.

Ele também reafirmou que a China continuará ajudando a comunidade internacional no combate ao coronavírus, com insumos, vacinas e especialistas. Também reforçará investimentos em pesquisa e desenvolvimento e avanços em ciência e tecnologia e aumento da proteção à propriedade intelectual.

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