Após passar por período de forte recessão em 2020, devido à pandemia de Covid-19, o Brasil deve ter crescimento econômico em 2021. De acordo com a projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 4% no ano que vem.
A atividade econômica deve ser impulsionada pela expansão de 4,4% do PIB industrial, conforme divulgado na edição especial do Informe Conjuntural – Economia Brasileira , que a CNI divulgou nesta quarta-feira (16).
No estudo, boa parte do crescimento de 2021 será explicada pela comparação com 2020, ano de recessão econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus. A estimativa é que, neste ano, o PIB caia 4,3% na comparação com 2019, e o PIB industrial , 3,5%.
De acordo com o presidente da CNI , Robson Braga de Andrade, as incertezas com relação à economia continuam elevadas e só diminuirão com a imunização da maior parcela da população. Para que a recuperação seja mantida, deverão ser feitas não só medidas econômicas como também de saúde pública.
Porém, ele enxerga que o primeiro passo já foi dado. A economia deve seguir se recuperando. Na indústria , por exemplo, a maioria dos setores já se recuperou em 2020. O grande desafio do Brasil é fazer o país voltar a crescer acima de 2% ao ano de maneira sustentada, ou seja, por um longo período.
“O desafio é a transição da retomada para o crescimento sustentado já em 2021. Para isso, o país, mais do que nunca, precisa eliminar o Custo Brasil . É preciso prover um ambiente favorável aos negócios, que ofereça segurança jurídica, melhore as expectativas e estimule o investimento, o crescimento econômico e o desenvolvimento social”, explicou Robson Braga de Andrade.
O presidente da CNI explicitou a importância das reformas estruturais , a tributária e a administrativa. Também é importante que o Brasil atraia investimentos em infraestrutura por meio da modernização dos marcos regulatórios, dando segurança jurídica e garantindo o respeito aos contratos.
Setor público consolidado deve registrar déficit primário de R$ 192 bi em 2021
O setor público consolidado , que inclui governos federal, regionais e suas estatais, deve registrar um déficit primário de R$ 789 bilhões , 10,93% do PIB, no fechamento de 2020. Isso significa que as despesas do setor público serão muito maiores que as suas receitas. A dívida bruta deverá terminar 2020 em 92,8% do PIB.
Com a previsão de melhora na atividade econômica e a expectativa de redução de despesas em 2021, o resultado fiscal do setor público consolidado deve melhorar em 2021.
A estimativa da CNI é de que, no próximo ano, o déficit primário seja de R$ 192 bilhões, ou 2,50% do PIB.
Taxa de desemprego deverá ficar em 14,6% em 2021
As projeções da CNI
mostram que a taxa de desocupação
deverá crescer em 2021 e ficar em 14,6% da força de trabalho.
Este índice é 0,7 ponto percentual maior que a taxa projetada para 2020, que é de 13,9%.
O crescimento da atividade econômica no ano que vem será responsável pela criação de empregos , porém, com a queda no receio do contágio pelo novo coronavírus e o fim do auxílio emergencial, mais pessoas deverão procurar emprego em 2021, pressionando a taxa de desocupação.
Inflação deverá fechar 2021 em 3,55% ao ano e ficar abaixo da meta do CMN
A estimativa para inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ) é de que ela fique em 3,55% ao ano em 2021.
A inflação, portanto, deve ficar abaixo da meta , porém ainda dentro do intervalo de tolerância, uma vez que a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional é de uma inflação de 3,75% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Selic deve ir a 3% ao ano
Quanto à taxa básica de juros, a Selic , a CNI espera que ela seja mantida no atual patamar de 2% ao ano até o fim do primeiro semestre de 2021, quando se iniciará uma sequência de três aumentos. Com isso, a Selic deverá ficar em 3% ao ano no fechamento de 2021.
“Com a Selic em baixo patamar e as perspectivas da Agenda BC, o mercado de crédito terá um importante papel no impulso ao crescimento econômico em 2021”, diz o relatório da CNI.