Falta de insumos, matérias-primas e peças podem levar a indústria automobilítica a paralisar a produção em dezembro . O alerta foi feito pelo presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, durante a apresentação dos números de novembro do setor. Segundo ele, o aumento de casos de Covid-19 no país também é um fator de risco à fabricação e às vendas de veículos no último mês do ano.
"Já tivemos microparadas em fornecedores por falta de insumos e componentes em outubro. As montadoras estão trabalhando junto aos fornecedores no sentido de mitigar o risco de uma paralisação. Mas ele existe é forte", afirmou Moraes.
O presidente da Anfavea lembrou que houve um descompasso na produção, com falta de insumos, após a queda brutal nos meses de maio e junho e a retomada do setor a partir de agosto, setembro. Toda a cadeia acabou sendo afetada, com fata de matérias-primas como borracha, aço, termoplásticos e pneus. Muitos desses materiais são importados, o que acabou reduzindo a oferta.
Além disso, destaca Moares, a desvalorização do real frente ao dólar, de mais de 30% no ano, está levando a um aumento de preço dos veículos. Ele observa que a volatilidade cambial atrapalha o planejamento. Além disso, lembra que o IGP-M já subiu 24,5% este ano, e essa alta também impacta os fornecedores. Só o aço, teve reajuste de 30% e um terço da produção das siderúrgicas do país e destinado à indústria automobilística.
"Há itens que já subiram entre 40% e 50%. Estamos negociando para reter os custos, mas está difícil segurar os repasses de preços ao consumidor. Essa alta de preços também dificulta a recuperação do setor. Cada montadora tenta administrar sua dor, levando em consideração o segmento, o modelo para fazer o repasse", disse Moraes.
Moraes citou casos de contaminação em fornecedores de peças na Inglaterra , afetando a produção local e a logística de material importado.
"Estamos tentando encontrar o melhor caminho para esse problema, mas isso leva tempo, pode ser um mês, dois meses. Portanto, uma possível paralisação em dezembro pode afetar vendas e exportações. Nosso estoque está baixo (16 dias) e está difícil produzir mais", afirmou.
Moraes disse que, no Brasil, as montadoras estão reforçando suas medidas preventivas contra a Covid-19 , mas não descarta que novos casos entre trabalhadores do setor também possam afetar a produção e as vendas.
Reportagem do GLOBO mostrou que as empresas estão aumentando a testagem entre seus funcionários, entre elas montadoras como a Volkswagen e a Toyota .
Ainda assim, as vendas em novembro tiveram o melhor desempenho do ano, com 225 mil unidades emplacadas. Foi um crescimento de 4,6% em relação a outubro, mas ainda é uma queda de 7% em relação a novembro de 2019.
As exportações também tiveram crescimento ‘ surpreendente’ de 26,2% em relação a outubro, com 44 mil unidades vendidas ao exterior. Mas as exportações, em termos de valores, estão 28,5% enre janeiro e novembro deste ano em relaçaõ ao mesmo período de 2019. São US$ 6,5 bilhões este ano, frente a US$ 9,1 bilhões exportados no ano passado.
"Essa exportação de nvembro nos surpreendeu, com mercados como Argentina, México e Colômbia regularizando seus estoques. mas muitas montadoras também fazem antecipação de embarques. Em dezembro, esse número deve cair", disse Moraes.