Autoridades do Banco Central da Venezuela convocaram executivos de algumas instituições financeiras locais para discutir planos destinados a criar um sistema de compensação e liquidação em dólares a partir do próximo ano, segundo cinco pessoas com conhecimento do assunto.
A medida seria um passo importante como meio de formalizar transações em dólares no sistema bancário da Venezuela , disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas. Também permitiria aos bancos oferecer empréstimos em dólares, o que poderia impulsionar o mercado de crédito doméstico. O bolívar coexistiria no sistema bancário.
Pelo menos cinco instituições financeiras privadas teriam se reunido com autoridades do banco central nas últimas semanas. Vários bancos da Venezuela já oferecem serviços em dólares aos clientes, mas estes se limitam a depósitos em dinheiro, saques e transferências entre contas do mesmo banco.
O novo sistema transformaria o banco central em uma câmara de compensação de dólares, permitindo transações instantâneas entre bancos e empresas dentro do país. No mês passado, o banco central proibiu bancos domésticos de estabelecerem um sistema próprio sem supervisão do governo.
Um assessor de imprensa do banco central da Venezuela não respondeu a pedidos de comentários.
Os venezuelanos agora usam as verdinhas para pagar de tudo, desde barras de chocolate a sapatos, e muitas vezes contam com serviços de transferência de dinheiro como o Zelle devido à escassez de notas.
Mais de 60% das transações comerciais são realizadas em moeda estrangeira, de acordo com a empresa de análise financeira Ecoanalitica. A inflação anual está em 5.400%, de acordo com o Índice Café Con Leche da Bloomberg, que monitora o custo de uma xícara de café em Caracas.
Embora o governo da Venezuela tivesse o hábito de demonizar a moeda americana, o presidente Nicolás Maduro endossou publicamente a dolarização no ano passado como meio de domar a hiperinflação e ajudar a estabilizar a economia em colapso. Mas Maduro evitou adotar o dólar formalmente.
O bolívar se desvalorizou após sete anos de retração econômica e políticas fracassadas. Um plano recente para imprimir uma nova nota de 100 mil bolívares criaria a denominação mais alta até o momento, mas que valeria apenas US$ 0,15.