Biden sorrindo
O Antagonista
Biden avança nas contagens de votos e o dólar cai


Desde terça-feira (3), as eleições americanas seguem ditando o comportamento do mercado financeiro, que anteriormente já apoiou os republicanos, mas agora reage de forma positiva ao avanço democrata. Ainda não há vencedor definido, mas a apuração prévia demonstra que Joe Biden tem mais chances de levar a Casa Branca .


Até a publicação desta matéria, Biden estava com 264 delegados contra 214 de Trump.

Com isso, o dólar tem registrado forte queda , enquanto as Bolsas têm subido. A justificativa para isso, dizem os especialistas, está na projeção de que uma gestão Biden terá menos atritos e mais diplomacia.

Nesta sexta-feita (6),  o dólar começou operando em queda pelo terceiro pregão consecutivo. Às 12h15, a moeda recuava 0,18%, a R$ 5,534. Já o Ibovespa, principal indicador da Bolsa brasileira, a B3, teve leve queda de 0,50%, aos 100.249 pontos.

Somente nesta semana, a moeda americana já caiu 3,34% contra o real, enquanto a Bolsa de São Paulo, em igual período, acumula ganhos de 7,23%. A tendência, caso a vitória de Biden seja confirmada, é de dólar mais comportado e mercado acionário com mais ganhos, avaliam os analistas.

Diferentemente da postura do atual presidente, Donald Trump , os investidores acreditam que o democrata terá uma agenda mais voltada para o multilateralismo com seus parceiros, ampliação do debate com a comunidade internacional e até mesmo um relacionamento menos belicoso com a China .

Confira, abaixo, quatro pontos que explicam por que o dólar cai e a Bolsa sobe à medida que Biden avança nas pesquisas:

Equilíbrio no Senado

Enquanto Biden aparece à frente de Trump na corrida pela Casa Branca e a onda azul (em referência à cor do partido democrata) na Câmara parece que será mantida, a força no Senado, ao que os dados preliminares indicam, ainda está com os republicanos .

Os especialistas explicam que, caso os democratas levassem as três Casas (Branca, Câmara e Senado), ficaria mais difícil barrar possíveis taxações contra grandes conglomerados e outras políticas de aumento de impostos, o que desagrada o mercado. Mas, com o Senado republicano, isso seria mais complicado.

"O mercado esperava uma onda azul, com democratas ganhando Casa Branca, Câmara e Senado. Entretanto, a apuração mostra que o Senado tende a ficar na mão dos republicanos. Se por um lado isso dificulta uma aprovação maciça de um pacote de estímulos, também tende a evitar uma onda de aumento de impostos, numa eventual vitória de Biden. Isso deixa os investidores menos receosos", sublinha Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos.

Governo mais previsível

O principal ponto apontado por gestores é de que, caso chegue à Casa Branca , Biden deverá ser um presidente que seguirá uma linha mais institucional, mantendo suas comunicações e posicionamentos por meio de canais oficiais.

No governo Trump, o mercado foi pego de surpresa em variados momentos com as postagens do presidente em sua rede social anunciando pacotes de tarifas contra países , saída de acordos supranacionais ou outras medidas de impacto global.

Mauricio Pedrosa, gestor da Áfira, sublinha que, no atual momento, o mundo precisa e pede por um líder americano mais comedido em seus atos:

"Se eleito, o mercado aposta que a gestão de Biden será previsível, e isso é positivo. O mercado tende a ficar menos avesso ao risco quando não há uma série de possíveis riscos no radar. A expectativa é que o democrata tenha um melhor relacionamento com seus aliados e melhor atuação no comércio internacional, outro ponto positivo".

Relação com a China

Outro ponto que movimentou para baixo o mercado ao longo dos últimos dois anos foi a relação belicosa entre as duas maiores economias do mundo, China e Estados Unidos . Durante o período, uma série de barreiras comerciais e sobretaxas foram impostas por ambos os lados , causando muitos ruídos em todos os mercados.

Em uma eventual gestão Biden, o mercado segue esperando que continue havendo divergências entre Washington e Pequim. Porém, acreditam que os atritos terão um tom mais diplomático e menos emocional.

Caso os atritos com a China sejam mitigados, a perspectiva é de que o fluxo internacional de comércio tende a ficar menos volátil, podendo se recuperar em 2021, também com a retomada das economias depois da pior fase da pandemia da Covid-19 .

Multilateralismo

Durante a gestão de Donald Trump, os acordos multilaterais foram perdendo espaço para n egociações bilaterais . Estas medidas causaram impactos negativos no fluxo internacional de comércio e também propiciaram um aumento de tarifas.

Na avaliação do mercado, Biden seguirá uma postura que privilegiará relações maiores, com blocos e organizações, do que acordos entre Estados Unidos e um país apenas por vez.

"Para moedas de países emergentes, o protagonismo do multilateralismo é bom. Nos últimos anos, a política americana focou em relações bilaterais, o que criou muitas tarifas e levou muitas incertezas para o comércio internacional", sublinha Guilherme Motta, gestor de renda variável da GAP Asset.

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