Tradicionalmente, o fim de ano costuma gerar milhares de empregos temporários
no Brasil. Pensando em Black Friday e, mais especificamente, no Natal
, os comerciantes têm o hábito de fazer contratações temporárias
- e, consequentemente, aquecer a economia. Em 2020, tais contratações devem ser impactadas e reduzidas por conta da crise
.
Com o desemprego em alta e milhões de demitidos por conta da pandemia, uma vaga neste fim de ano é a esperança de muita gente para tentar fechar o ano com as contas em dia. Porém, a expectativa não é boa. Com todo mundo "apertado", devem ocorrer menos contratações temporárias do que o normal. De acordo com estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a oferta de vagas temporárias deve ser a menor desde 2015 no Brasil.
2019 x 2020
Ano passado, foram contratadas cerca de 88 mil pessoas para atender o aumento de vendas de fim de ano. Em 2020, esse número deve cair cerca de 20%, indo a 70,7 mil trabalhadores, prevê a CNC. O Natal , principal data do varejo, deve movimentar neste ano R$ 37,5 bilhões- apenas 2,2% a mais do que em 2019.
"Apesar de o comércio eletrônico ter crescido bastante, as vendas em shopping centers vêm registrando retração. E isso impacta diretamente no número de temporários contratados, em especial os vendedores", explica José Roberto Tadros, presidente da CNC.
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Com a pandemia, o perfil de consumo mudou. Muita gente passou a comprar online, cenário que não deve ter grande alteração até dezembro. A projeção é que as vendas pela internet aumentem em relação ao ano passado, mas também haja menos demanda pelas lojas físicas - e, consequentemente, menor necessidade de contratar profissionais temporários.
Corte nas vagas
As lojas de roupas e calçados, que historicamente criam a maioria dos empregos no fim de ano, deverão cortar quase metade das vagas sazonais. Se em 2019 foram criados 59,2 mil postos de trabalho, em 2020 deverão ser criadas apenas 30,7 mil vagas temporárias , projeta a CNC.
Além da oferta, também deve diminuir a taxa de efetivação, ou seja, o número de trabalhadores temporários que acabam ficando em definitivo nas empresas. Com o cenário de maior incerteza da economia, os empregadores tendem a diminuir as efetivações, embora a remuneração do emprego temporário em 2020 vá ser maior do que no ano passado, em média.
A CNC prevê que o salário médio dos contratados temporariamente suba 4,6% em relação a 2019, chegando a R$ 1.319. Os destaques devem estar nas lojas especializadas em produtos de informática e comunicação (R$ 1.618) e de artigos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos (R$ 1.602). O problema é que os setores estão longe de representar um grande percentual das vagas temporárias. Apenas 7% dos postos de trabalho de fim de ano devem vir dessas áreas, que têm as maiores remunerações.
Confira os cargos que mais devem gerar vagas neste fim de ano:
- Vendedores - 34,6 mil;
- Operadores de caixa - 12,1 mil;
- Atendentes - 8,2 mil;
- Repositores de mercadorias - 6,9 mil; e
- Embaladores de produtos - 2,9 mil.