Conhecido como "tempo cervejeiro da Backer ", o restaurante, que fica junto com a fábrica da marca, na região do Berreiro, em Belo Horizonte, reabriu no último sábado (17) com relançamento dos rótulos da empresa de cerveja e engarrafados no formado chopp, dos estulos Capitão Senra Pilsen e Amber.
De acordo com Dalisson Santos, gerente da organização, a produção e comercialização dos produtos só são possíveis por ocorrer na Germânia, cervejaria parceira que fica em Vinhedo, interior de São Paulo.
Os familiares de algumas vítimas - com 10 mortes e 16 com sequelas graves - estão indignados com o evento de reabertura, que foi feito para convidado "VIPs".
“Como eles arranjaram autorização para produzir com esse nome, Capitão Senra, mesmo fora de Minas, se o MAPA é um órgão federal, com jurisdição em todo o território nacional e os proibiu?”, questiona Ney Eduardo Vieira Martins, 65, dentista de São Lourenço e uma das vítimas de contaminação por dietilenoglicol, presente em alguns lotes da cerveja produzida pela Backer, ao site "O Tempo".
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“Minha vida foi destruída. Uma profissão de 37 anos. Será que pensam em indenizar 10 mortes e 16 sequelados graves com a reabertura de um restaurante?”, completou ela, que não consegue mais caminhar em linha reta depois da intoxicação e perdeu 70% dos rins.
Para Santos, essa é uma das providências a serem tomadas para que as dívidas da Backer sejam pagas. “Não houve festa. Reabrimos no sábado e todo o consumo foi pago e isso precisa ocorrer, precisamos trabalhar. Somos uma empresa que gera mais de 600 empregos", disse.
"Não estamos produzindo e nem vendendo nada produzido aqui. Estamos vendendo o estilo Capitão Senra, garantindo as características e o sabor, porque o nosso mestre cervejeiro viajou para a fábrica da Germânia, mas a garrafa não tem a marca da Backer. Ela vem de São Paulo, foi produzida lá”, completou.
André Couto, advogado de parte das vítimas, reforça a decisão do Ministério da Agricultura de proibir a reabertura da fábrica da Backer e a comercialização de todo e qualquer produto feito no local.
“Se, posteriormente, o Ministério Público e a Justiça entenderem ser possível a retomada da produção e venda do que for feito na fábrica de BH, não nos cabe juízo de valor. Contudo, a questão que se coloca agora são os compromissos judiciais da organização, que independem dessa retomada ou da reabertura do restaurante, porque dizem respeito a um dano causado anteriormente. Não esperamos que a Backer nunca mais venha a produzir. Serão os consumidores, com o livre arbítrio, que decidirão se ela vai voltar ao mercado. Mas esperamos, sim, que ela nunca mais cause a morte e nem prejudique seus clientes”, disse.