Governo tenta encontrar espaço no Orçamento para lançar novo programa social, o Renda Brasil, com transição pelo Renda Cidadã
Reprodução YouTube/XP Macro Sales
Governo tenta encontrar espaço no Orçamento para lançar novo programa social, o Renda Brasil, com transição pelo Renda Cidadã

O ministro da Economia,  Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira (16) que o governo vai honrar o compromisso de limitar os gastos públicos abaixo do teto, mesmo que seja necessário abandonar o seu novo programa social, que vem sendo chamado de Renda Brasil.

Entenda a diferença entre o Renda Brasil e o Renda Cidadã.

Ao participar de transmissão ao vivo para o mercado financeiro, o ministro também afirmou ser melhor manter o Bolsa Família como estar do que realizar algum movimento que não tenha sustentabilidade fiscal. Segundo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro concorda com essa decisão.

"Se você não consegue espaço fiscal para um programa melhor, nós voltamos para o Bolsa Família . É melhor nós voltarmos para o Bolsa Família do que tentar fazer uma loucura, uma coisa insustentável fiscalmente", disse Guedes.

O governo desenha um programa social para  substituir o Bolsa Família, com mais beneficiários e com um benefício maior.

O programa também seria usado para atender a famílias que hoje recebem o auxílio emergencial concedido por conta da pandemia de Covid-19 até janeiro de 2021, mas que não são atendidas por nenhum outro benefício do governo.

O problema é que o aumento de gastos com o programa precisa ser compensando com corte de outras despesas. Isso ocorre por conta do limite do teto de gastos.

O ministro disse que o governo não vai ser populista e garantiu que o programa de renda mínima será fiscalmente sustentável, dentro da regra do teto de gastos.

"Não tem truque", afirmou Guedes, ressaltando que maiores transferências de renda poderiam ser viabilizadas com cortes em subsídios e deduções de classes de renda mais alta. "Não tem nenhuma discussão sobre (furar) o teto", garantiu o ministro.

Você viu?

O governo já desempenhou diversos cenários para conseguir implementar o programa social. Bolsonaro já vetou usar o abono salarial (espécie de 14º salário pago a quem ganha até dois mínimos) e seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período em que a pesca é proibida). Mesmo assim , Guedes ainda insiste em fundir programas sociais.

O presidente também barrou desvincular aposentadorias e pensões do salário mínimo e congelar os benefícios. Outra solução, o corte de precatórios (dívidas do governo reconhecidas pela Justiça) e uso do Fundeb (fundo para educação básica fora do teto) foi mal vista pelo mercado.

Com o impasse, Bolsonaro e Guedes decidiram deixar a definição das medidas mais impopulares de financiamento do Renda Brasil para depois das eleições municipais.

Auxílio emergencial

Guedes também disse não estar em discussão a prorrogação do estado de calamidade pública ou do auxílio emergencial para 2021. O ministro disse ser “indesculpável” usar a doença como desculpa para a concessão de novos “estímulos artificiais” à economia.

"Neste momento, eu não diria que há qualquer plano para estender o auxílio emergencial. Isso não é verdade. Não é nossa intenção, não é o que o presidente disse, não é o que o ministro da Economia quer", disse o ministro.

O estado de calamidade pública tirou uma série de amarras legais e permitiu o aumento de gastos para combater a pandemia. Ele é válido até 31 de dezembro deste ano.

"É completamente indesculpável usar uma doença em queda para pedir estímulo artificial à economia. Isso é uma fraude. Isso é falso. Isso é ruim. É política ruim. Isso estaria comprometendo futuras gerações por um ato covarde", disse.

"Você tem que pagar pela guerra. Nós temos uma guerra neste ano. Gastamos 10% do PIB, a relação dívida/PIB disparou, o que temos que fazer no próximo ano? Derrubá-la drasticamente. Vamos acelerar privatizações, vamos honrar o teto de gastos. Vamos manter baixa a taxa de juros."

Mercado "está correto"

Guedes também considerou que o comportamento do mercado financeiro está “correto” porque, segundo ele, há muito “barulho”. Ele reconheceu os riscos fiscais percebidos pelos investidores e disse que o governo agirá para ancorar as expectativas. Nas últimas semanas, o governo vem enfrentando dificuldade para rolar títulos públicos e está encurtando os vencimentos, diante da abertura da curva de juros. Para Guedes, esse barulho “é muito ruim”, mas também é culpa do governo porque, diz ele, “não nos comunicamos bem”.

"Acho que os mercados estão se comportando de forma correta, pois há muito ruído. O clima aqui está completamente diferente do que estamos lendo. Não porque a mídia é cruel, mas é porque a mídia não é bem informada por nós também", disse o ministro.

"Se você faz uma coisa idiota, a curva de juros sobe, assusta todo mundo, o dólar vai para cima e as pessoas entendem que estão indo na direção errada e voltam para o trilho", completou.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!