O fim do auxílio emergencial, a redução de estímulos fiscais e corte dos programas de manutenção do emprego são as principais ameaças à recuperação da economia no ano que vem. A taxa de desemprego deve chegar a pico de 16% em 2021.
Essa foi a análise dos economistas do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) durante debates realizados na segunda-feira (5), mostrada em reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro do Ibre, afirmou que no Brasil o processo de recuperação depende muito do mercado de trabalho. No país, o alto nível de informalidade e de pessoas trabalhando nos segmentos de serviços mais afetados pela crise e que mostram uma recuperação difícil aos níveis de antes da pandemia de Covid-19.
O auxílio emergencial, criado para socorrer trabalhadores informais durante os fechamento da economia na pandemia, terminará no começo de 2021.
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Para Matos, os auxílios ajudaram a segurar a queda na renda das famílias, porém a perda em 2021 será praticamente impossível de evitar. Segundo a economista, o Renda Cidadã – novo Bolsa Família – pode amenizar o choque da retirada do auxílio emergencial e de outras medidas, desde que se respeite o espaço no Orçamento e no teto de gastos.
O pacote de estímulos que o Brasil criou na pandemia usou 12% do PIB (Produto Interno Bruto), índice próximo ao de países desenvolvidos, muito maior que o da maioria dos países da América Latina.
“O problema todo é que o cobertor sempre é curto. A gente não tem fôlego para continuar nessa política fiscal expansionista dessa magnitude, como de países desenvolvidos. Isso amorteceu o choque, mas também criou uma dependência muito grande. Na medida em que a gente não tiver mais essas transferências, a situação deve ser mais dramática. Esse é um ponto que preocupa muito do ponto de vista de consumo das famílias.”
O auxílio emergencial, apesar de prorrogado até dezembro e com pagamentos até 2021, não pagará todas as parcelas a todos os beneficiários.