FMI melhorou projeção de queda do PIB da economia brasileira em 2020, em estimativa alinhada com o Ministério da Economia
Geraldo Magela/Agência Senado
FMI melhorou projeção de queda do PIB da economia brasileira em 2020, em estimativa alinhada com o Ministério da Economia

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou, em relatório divulgado nesta segunda-feira (5), que a economia brasileira permanece sob riscos "excepcionalmente altos e multifacetados" e que a dívida do governo está a caminho de encerrar o ano em torno de 100% do Produto Interno Bruto (PIB). Por outro lado, o Fundo melhorou a expectativa para o PIB em 2020: a prévia passou de uma  queda de 9,1% para um encolhimento de 5,8%.

O FMI  elogiou medidas tomadas pelo governo contra a crise desencadeada pela pandemia, como o auxílio emergencial, e melhorou sua projeção para o país este ano.

Segundo a instituição, a economia brasileira deve encolher 5,8% neste ano, bem menos que a contração de 9,1% que havia estimado anteriormente. O Fundo ainda prevê uma recuperação "parcial" com crescimento de 2,8% no próximo ano.

A nova previsão se aproxima da média no mercado financeiro brasileiro. Segundo o Boletim Focus , do BC, divulgado nesta segunda-feira, a média das previsões no mercado é de queda de 5,02% .

No documento, que descreve as conclusões preliminares de uma recente visita de uma equipe do FMI ao Brasil, os riscos negativos para a economia brasileira são apontados como "significativos", como uma segunda onda de infecções de Covid-19 que possa afetar atividades econômicas.

O texto ainda chama a atenção para "cicatrizes de longo prazo" que podem resultar de uma longa recessão e choques na confiança devido à enorme dívida pública do país.

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Embora o FMI demonstre satisfação com o compromisso do governo de reduzir a dívida do Brasil, o relatório alerta que pode levar tempo para que emprego, renda e pobreza voltem aos níveis anteriores à pandemia.

"Se as condições de saúde, econômicas e sociais ficarem piores do que as autoridades esperam, eles (integrantes do governo) devem estar preparados para fornecer apoio fiscal adicional", disse o FMI, acrescentando que a prioridade da política de curto prazo é "salvar vidas e meios de subsistência".

O texto contempla que os pagamentos de ajuda emergencial a milhões das famílias mais pobres do Brasil devem expirar no final deste ano, gerando ruídos políticos, incerteza fiscal e volatilidade no mercado financeiro nas últimas semanas conforme o governo tenta desenhar um programa que substitua o auxílio.

O FMI observou que a curva de juros do Brasil está "muito inclinada", destacando esses temores fiscais de longo prazo, e disse que uma série de reformas estruturais para uma "consolidação de médio prazo será essencial" para mitigar os riscos da dívida.

O relatório alertou que, sem evidências "inequívocas" de que a regra do teto de gastos do governo será preservada, as despesas extras podem minar a confiança do mercado e elevar as taxas de juros.

Com espaço limitado para uma política fiscal mais frouxa, o Brasil deve confiar mais na política monetária, diz o FMI, acrescentando que o Banco Central tem espaço para cortar a taxa Selic abaixo da taxa atual de 2%, já no patamar mínimo histórico, se a inflação e as expectativas de inflação permanecerem baixas.

"Como complemento, o uso contínuo da orientação futura para sinalizar que a taxa básica de juros permanecerá baixa por mais tempo, condicionada à manutenção de um regime fiscal sólido, pode ter um efeito expansionista sem riscos para a estabilidade financeira", disse o FMI.

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