Uma queda de braço entre os peritos médicos e o governo está impedindo a realização das perícias nas agências do INSS, que foram reabertas depois de meses fechadas por causa da pandemia. Enquanto a categoria alega que os postos não estão preparados para garantir a segurança desses profissionais, inclusive com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) com prazo de validade vencidos, como máscaras, luvas e tocas, a direção do INSS alega que a justificativa não procede.
Para comprovar, equipes técnicas do INSS estão vistoriando todas as 151 agências autorizadas a realizar perícia médica, desde segunda-feira, em todo o país. Mas, sem a presença dos peritos.
O Secretário Especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco e o presidente do INSS,
Leonardo Rolim, inspecionam na manhã desta terça-feira as instalações de um posto central na capital do país.
Do total de 1.560 agências do INSS
em todo o país, 540 foram reabertas depois da adoção de protocolos de segurança. Nem todas fazem perícia medica. Na fila, há cerca de 600 mil pessoas à espera do exame, quem teve o pedido do benefício negado ou sofreu problema de saúde recente.
Segundo Rolim, não há em nenhuma agência EPI vencido e que as compras dos equipamentos foram realizadas neste ano. Ele afirma que o INSS tomou o cuidado de não reabrir agência com serviços de manutenção de ar condicionado atrasados e sem ventilação natural. O presidente do INSS diz ainda que onde não há porta giratória com detector de metais, um das justificativas da categoria — foi sanado com a adoção de equipamentos manuais.
Para ele, os peritos estão alegando problemas estruturais das agências, sem qualquer relação com a pandemia para não retomar à atividade, como rota de fuga, por exemplo.
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— Mesmo assim, providenciamos o que eles listaram para preparar as agências, sem dinheiro, usando recursos destinados à capacitação de servidores do INSS — argumentou Rolim.
Segundo ele, também não faz sentido o argumento da categoria de que apenas algumas agências estão reabertas para a perícia porque nem todas elas fazem esse tipo de trabalho. As maiores e em todas as capitais, muitas com dois peritos, foram reabertas, explicou.
Nos bastidores, o governo alega que os peritos não querem voltar porque terão que dar expediente de seis horas nas agências. Com a pandemia, eles foram autorizados a trabalhar em home office apenas na análise de conformidade de atestados médicos e têm direito ao salário integral. Há informações de que peritos continuam trabalhando em consultórios particulares e hospitais.
O vice-presidente da Associação Nacional dos Peritos Médicos (ANMP), Francisco Eduardo Cardoso Alves, afirma que a carreira não exige dedicação exclusiva e que os profissionais estão trabalhando em instalações devidamente preparadas.
Alves também contesta o INSS e diz que vistorias feitas pela entidade detectaram EPIs sem data de fabricação, data de validade e sem certificação, em várias agências.
— Esse material é pirateado e não poderia ser adquirido. Temos foto — destacou.
Ele disse que aguarda a lista das agências autorizadas pelo governo a funcionar com a realização de perícias para que a ANMP faça uma nova vistoria:
— A Associação não faz bravata com um assunto tão sério. Isso não é queda de braço é responsabilidade com a saúde dos cidadãos.