Parlamentares da oposição alegam que entre 40 e 50 senadores da base de Bolsonaro colocaram o dinheiro em redutos eleitorais
Marcos Corrêa/PR
Parlamentares da oposição alegam que entre 40 e 50 senadores da base de Bolsonaro colocaram o dinheiro em redutos eleitorais

O governo  Bolsonaro deu mais dinheiro público do combate à pandemia de Covid-19 a senadores de partidos aliados e excluiu dos repasses senadores de partidos como PT, Rede e Cidadania. Isso é o que mostra um documento obtido pelo jornal Folha de S.Paulo.

O documento se refere ao repasse de dinheiro da Portaria 1.666/20. Recursos financeiros de combate à crise da pandemia teriam como destino preferencial os senadores de partidos aliados do presidente Jair Bolsonaro, para que sejam investidos em seus redutos eleitorais.

A Portaria trata da "transferência de recursos financeiros aos Estados, Distrito Federal e municípios para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da Covid-19", como diz o texto publicado no Diário Oficial da União. A verba vai em parcela única, do governo federal, para os locais, baseando-se em critérios como: população, leitos hospitalares disponíveis e incidência da Covid-19.

Parlamentares da oposição alegam que entre 40 e 50 senadores da base de Bolsonaro colocaram o dinheiro em redutos eleitorais. "Não era para onde era necessário o dinheiro, era para onde o senador queria mandar. Foi criminosa a destinação do governo para esse recurso. O crime foi do governo", disse Major Olímpio, líder do PSL-SP, ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro.

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Olímpio foi procurado para destinar recursos da portaria, mas ele afirma ter negado essa indicação ao saber que nem todos os parlamentares teriam essa oportunidade.

Por outro lado, na oposição, integrantes de partidos como PT, Rede e Cidadania não foram procurados para destinar verbas.

Entre outros beneficiados, o documento obtido pelo jornal mostra que o senador Marcos do Val, do partido Podemos-ES, recebeu R$ 24 milhões do orçamento para a crise de Covid-19 do governo. Esse valor foi para a saúde do estado do Espírito Santo.

Outros parlamentares reclamam dessa forma de liberação do dinheiro federal de combate à Covid-19, "carimbado" para os aliados de Bolsonaro. Foi o caso de Randolfe Rodrigues, líder no Senado do Rede-AP. Ele encaminhou requerimentos ao Ministério da Saúde e à Comissão Mista do Congresso sobre o assunto, mas não obteve resposta.

O senador também pediu uma auditoria ao Tribunal de Contas da União. "Eu quero saber as regras para distribuição (do dinheiro) a partir da indicação de parlamentares", disse Rodrigues.

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