Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil, e Paulo Guedes, ministro da Economia
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil, e Paulo Guedes, ministro da Economia

Naquela que deve ser a última participação de Rubem Novaes como presidente do Banco do Brasil  na apresentação de resultados, a instituição registrou uma queda de 25,3% no lucro líquido no segundo trimestre, totalizando R$ 3,311 bilhões. O resultado do BB foi afetado pelo aumento das provisões para devedores duvidosos em meio à crise econômica provocada pela pandemia. No primeiro semestre, houve uma queda de 22,7% do lucro, para R$ 6,7 bilhões, em relação ao mesmo período de 2019.

Em relação ao primeiro trimestre, a queda do lucro foi de 2,5%. Novaes afirmou que, mesmo com a queda do resultado deste ano, o Banco do Brasil vem melhorando os resultados e a gestão. Para Novaes, o banco deve ter um segundo semestre melhor do que primeiro, já que a instituição foi bastante conservadora em sua provisões e as perdas podem ser menores do que as esperadas já que o desempenho da economia está melhor do que o esperado.

"A economia está melhor do que as expectativas iniciais e o banco fez um provisionamento com base nessa perspectiva. A tendência é que o BB não precise fazer novas provisões no mesmo ritmo que no primeiro semestre", disse.

No Banco do Brasil, as provisões para perdas com empréstimos ficaram em R$ 5,907 bilhões, um aumento de 42,4% em relação ao ano anterior. O índice de inadimplência de 90 dias caiu para 2,8% de 3,2%, considerando que o banco deu aos clientes a possibilidade de postergar o pagamento de empréstimos diante da perda de renda causada pela pandemia. Os demais bancos também ofereceram essa alternativa. O pico da inadimplência deve acontecer no último trimestre deste ano e nos primeiro três meses de 2021, prevê o banco, mas não deve superar os 7%, patamar alcançado em 2016, ano de recessão econômica no país.

Rubem Novaes disse que esta deve ser a última vez que faz a apresentação de resultados. Ele disse que ainda não há data para deixar o cargo, e seu compromisso é aguardar até que seu sucessor assuma. Ele disse que está aguardando e alguns nomes surgiram no mercado. Ele disse que pela experiência que tem de governo, enquanto o nome do sucessor não sair no Diário Oficial ficará à frente do banco.

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Ele afirmou que decidiu entregar a carta de demissão ao ministro Paulo Guedes porque achou que estava na hora de ceder seu lugar a alguém mais ligado à geração digital. Ele disse que o BB tem performance excelente nessa área, está se modernizando, mas terá novos desafios com o open banking, o Pix (sistema de pagamentos do Banco Central) e parcerias com fintechs.

Novaes afirmou que não há nada definido sobre uma possível participação sua na equipe econômica. Ele disse que vai volta a morar no Rio de Janeiro para ficar próximo à família.

Novaes deve ser substituído pelo ex-presidente do HSBC no Brasil e atual diretor de Global Banking e Markets para as Américas da instituição, André Brandão. Novaes, que completa 75 anos neste mês de agosto, comparou sua idade a dos demais presidentes dos principais bancos do país, que têm entre 49 e 61 anos, e afirmou que é preciso saber a hora de parar em uma atividade.

Em entrevistas posteriores à entrega de sua carta de demissão , entretanto, o presidente do BB afirmou que não tinha se acostumado à cultura de privilégios, compadrio e corrupção de Brasília. Ao Colunista do GLOBO Merval Pereira, Novaes também disse, sem citar casos específicos, que "tem muita gente com rabo preso trocando proteção" na capital Federal.

O BB encerrou o segundo trimestre com 19 milhões de clientes atendidos por canais digitais e crescimento de 198% de usuário que usam o aplicativo do banco, chegando a 3,9 milhões de pessoas. Foram realizadas no período 432 mil operações pelo Whatspp frente as 70 mil do trimestre passado. O BB anunciou que já está pronto para operar com o Facebook pay, sistema de pagamentos da rede social. Nos últimos 12 meses, o BB fechou e reestruturou 361 agências físicas.

O Banco do Brasil foi o último dos grandes bancos com ações negociadas na Bolsa a apresentar seus resultados. Ao lado do Santander, o banco viu seu lucro cair em relação ao primeiro trimestre do ano, enquanto Bradesco e Itaú apresentaram pequeno crescimento de lucro em relação aos três primeiros meses do ano.

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