Embora o Banco Central leve em consideração outros fatores, no fim, ele está olhando para as metas de inflação e, "se houver espaço, vai cortando" os juros, disse Arminio Fraga, sócio-fundador da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central . Ele participou de live do jornal Valor Econômico nesta quarta-feira.
O Comitê de Política Monetária ( Copom
) do Banco Central
decide hoje se muda a taxa básica de juros, a Selic
. A estimativa de mercado é que ela caia a 2% ao ano, com corte de 0,25 ponto percentual.
Arminio destacou que o método do BC brasileiro "tem trabalhado muito bem". "
"O BC tem que olhar um horizonte de tempo que não é só os próximos meses, é dois anos, ver a coisa ancorada. Há uma preocupação com o equilíbrio geral das contas externas e por aí vai. Mas, em última instância, isso tudo tem que ser colocado em uma espécie de funil e, lá na ponta, você quer entregar inflação na meta e ser sensível ao ciclo", resume.
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Com a inflação abaixo da meta, diz Arminio
, o BC
"vai testando" e "tem toda a razão para explorar o limite" de queda dos juros.
"Pode ser que juro chegue a zero, mas tomara que não, isso mostraria que as coisas estão muito ruins", diz Arminio.
Ele acrescenta que, se for necessário, mais à frente, subir os juros com a dívida pública elevada, isso "pode gerar um ciclo de expectativas muito perigoso, é um risco real."
O economista disse ainda que a saída para crise econômica terá de vir da política e que o país precisa de "democracia mas calma".