Guedes reconhece que empréstimos a empresas na crise ainda não são suficientes
Ministro exaltou, por outro lado, o auxílio emergencial e o programa de preservação de empregos
Por Agência Brasil | | Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil |
O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu nesta terça-feira (30) que os empréstimos para atender as empresas durante a crise causada pela pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) não foram suficientes até agora. Guedes participa de audiência pública virtual, promovida pela Comissão do Congresso que acompanha a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas à Covid-19.
"Tenho a maior franqueza em reconhecer que, na parte de crédito, ele não foi satisfatório até o momento, e nós continuamos aperfeiçoando o nosso programa para o dinheiro chegar à ponta, que era a maior reclamação", garantiu Guedes .
O ministro afirmou que o governo tem um “time técnico muito bom”, mas a demanda por crédito cresceu muito. Guedes citou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e os presidentes de bancos públicos. “Como [a pandemia] travou o país inteiro, a necessidade de capital de giro triplicou, quadruplicou. Então, mesmo expandindo o crédito, como expandimos, a verdade é que continuou insuficiente. Continuamos, o tempo inteiro, aperfeiçoando os programas em busca de um melhor desempenho”, disse.
Por outro lado, Guedes disse que o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEM) foi bem-sucedido. "No mercado formal americano, em cinco, seis semanas, demitiram 30 milhões , e aqui nós impedimos a demissão de 10 milhões . Houve, nesse período, uma demissão de em torno de 1 milhão de pessoas só no mercado formal, o que foi absolutamente excepcional, foi extraordinário”, disse.
Perdas
Guedes disse que o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) também será “muito bem-sucedido”. Ele ressaltou, porém, que o programa pode gerar “alguma perda”. “Sabemos que deve haver alguma perda nesse programa, mas a nossa responsabilidade é conceder esses recursos. Isso explica até uma frase minha muito mal compreendida naquele vazamento de uma reunião ministerial onde eu dizia: 'Olha, com as empresas grandes, nós vamos até ganhar dinheiro, agora, com as pequenas, não'”, destacou o ministro, referindo-se à r eunião ministerial do dia 22 de abril , que teve o sigilo do vídeo retirado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Você viu?
O ministro afirmou que, em nenhum momento, quis dizer que não haveria liberação de recursos para as pequenas empresas . “Era justamente o contrário: é que, quando você empresta para um gigante, para uma companhia aérea, uma coisa assim, o governo tem que dar uma satisfação à população porque ele está salvando um gigante econômico; então, ele tem que ganhar algum dinheiro para fazer isso. Então, nós desenhamos as debêntures conversíveis exatamente para isto: eu salvo a empresa aérea, mas, quando ela voltar a voar e ganhar dinheiro, o estado ganhou dinheiro”, disse.
Segundo o ministro, no caso das pequenas empresas a situação é diferente. “Já a pequenininha, não. Você vai dar dinheiro para milhares de pequenas empresas, e algumas podem realmente morrer no caminho e não conseguir pagar. Então, com as pequenas, a gente pode não ganhar dinheiro. Mesmo assim, daremos o crédito, foi isso que eu estava falando. E aí deformaram completamente a frase, dizendo que a gente não dá dinheiro para os pequenos para não perder".
Auxílio emergencial
Guedes confirmou que o auxílio emergencial será estendido por mais três meses. “Estamos contando que este é o quadro: ao longo desses três meses, a pandemia deve retroceder com algum vigor, e nós, então, estaremos fazendo o nosso retorno seguro ao trabalho - a verificar à frente”, disse.
O ministro acrescentou que, se a curva de contaminação não “descer” nesse período, o governo vai avaliar a necessidade de nova extensão do benefício.
Guedes não detalhou os valores das três parcelas porque o anúncio dessa medida está previsto para esta tarde.
Investimentos
Na audiência, Guedes também afirmou que o governo tem “60, 90 dias” para destravar os investimentos no país.
“Saneamento, cabotagem, setor elétrico, petróleo, gás natural, tudo isso. É nesse sentido que vamos surpreender o mundo daqui a dois, três meses. Quando tivermos já realizado a volta segura ao trabalho, estaremos já disparando nossas ondas de investimento exatamente por esse trabalho de aperfeiçoamento do marco regulatório, do marco institucional brasileiro pelo Congresso. Esta é a nossa agenda de curto prazo: por um lado, o social, com a prorrogação do auxílio emergencial; por outro lado, o destravamento das fronteiras de investimento brasileiro”, afirmou.