A inadimplência das instituições de ensino superior particulares, considerando 90 dias de atraso, deve fechar o ano em 11,3%, o maior patamar da série histórica iniciada em 2006. A previsão é do Semesp , entidade que representante das mantenedoras do ensino superior no país.



No ano passado, a inadimplência considerando três meses de atraso foi de 9,5%, a maior desde o início da recessão do país, em 2014.

" A estimativa de inadimplência de 90 dias, no cenário mais realista, era de 10,7%. Mas diante de uma perspectiva de queda do PIB mais acentuada e do aumento do desemprego, os 11,3%, que eram o cenário mais pessimista, agora se tornaram o cenário mais realista", disse Rodrigo Capelato , diretor-executivo do Semesp .


O Semesp divulgou pesquisa referente à inadimplência em maio, que subiu 51,7% em relação ao mesmo mês de 2019. O índice estava em 15,8% em maio de 2019 e subiu 23,9% no mês passado.

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Faculdades particulares devem fechar 2020 com inadimplência recorde de 11,3%
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Faculdades particulares devem fechar 2020 com inadimplência recorde de 11,3%

Desde o início da pandemia, o Semesp passou a fazer levantamentos mensais da inadimplência para medir o impacto econômico sobre as instituições de ensino superior privadas.

A taxa de inadimplência em maio cresceu mais nos cursos presenciais: subiu 55,1% em relação ao mesmo período do ano passado. No ensino à distância ( EAD ), a taxa de inadimplência subiu 8,6% em relação ao mesmo período do passado. As mensalidades no EAD, em média, são 30% mais baixas que no presencial.

Em relação a abril passado, entretanto, a inadimplência em maio recuou. Em abril, passado o crescimento em relação ao mesmo mês de 2019 havia sido de 26,3%.

"Muitos alunos renegociaram ou adiaram os pagamentos das mensalidades e deixaram de ser inadimplentes. Também passou o choque inicial da pandemia, em que muitas famílias suspenderam diversos pagamentos, incluindo as mensalidades escolares para ver se haveria redução do valor. Uma parte dessas famílias não teve perda de renda e retomou os pagamentos", diz Capelato.

Em relação à taxa de evasão, em maio, houve aumento de 14,2%. O índice subiu de 3,2% em maio de 2019 para 3,6% em maio deste ano.

"Não houve uma explosão da evasão. E ela se concentrou nos calouros, que haviam acabado de se matricular no primeiro semestre e 15 dias depois tiveram as aulas presenciais suspensas pela pandemia. Além disso, maio é sazonalmente um mês em que a desistência é maior", disse Capelato , que espera entretanto, um aumento da evasão na virada deste semestre, quando é feita a rematrícula.

Ele disse, entretanto, que as escolas estão abertas à negociação. Para este ano, a estimativa do Semesp é que a evasão que normalmente fica em 30% suba a 40%.

Para ele, o público do ensino à distância será o mais atingido pelas desistências. Isso porque uma parte desses estudantes tem renda informal e outra parte foi atingida pela redução de jornada e de salários .

A pesquisa foi feita com 146 instituições de ensino de pequeno, médio e grande porte.

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