A pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) não afastou os investidores da renda variável. Pelo contrário: estudo da B3 indica que, mesmo em meio à queda dos mercados causados pelos impactos da crise econômica mundial, o país ganhou cerca de 350 mil novos investidores entre março e abril, e o total de “CPFs” aplicando na Bolsa passou de dois milhões.
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Entre os meses de março e abril, o Ibovespa caiu 24,5% e, somente em março, o “circuit breaker” (mecanismos que suspende as negociações quando as quedas atingem determinado percentual) foi acionado seis vezes.
"Vimos que muitas pessoas encararam a queda do valor das ações como uma oportunidade. Nos dias de maior volatilidade, quando o circuit breaker foram os de maior movimentação, e com mais entradas que saídas", afirmou Luiz Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes da B3 .
De acordo com os dados divulgados pela B3 nesta terça-feira, 223 mil novas pessoas passaram a investir em renda variável em março, e os dados preliminares indicam que entre 80 mil e 100 mil investidores entraram na B3 em abril.
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Os dados mais recentes ainda precisam ser apurados, pois “um CPF” pode ter mais de uma conta. Estes números são líquidos, ou seja, já descontam as cerca de 40 mil pessoas que, durante a pandemia, deixaram de aplicar em renda variável.
"Realmente foi um pouco contra-intuitivo, a gente acompanhava de perto e havia até uma expectativa do mercado em relação á potencial saída destes novos investidores, então (a entrada de pessoas físicas) foi um número que surpreendeu positivamente. Mas ainda é cedo para saber se traçar uma tendência ou se tirar conclusões em um ambiente de tantas incertezas", disse Paiva.
Tarcisio Morelli, diretor de Inteligência de Mercado da Bolsa, afirma que na crise de 2008/2009 quase não houve variação no número de investidores na Bolsa , mas o cenário era outro e o número de pessoas físicas na renda variável, muito menor.
"O crescimento que a gente viu no mês de março e no mês de abril no número de investidores não tem paralelo em quase que nenhum momento da história recente", disse.
Morelli conta que os investidores estão mais ativos — ou seja, fazendo mais operações por mês. Além disso, eles são mais jovens que no passado — em março, 59% dos investidores tinham até 39 anos, enquanto que em 2013 essa faixa etária representava 37% dos investidores.
Ele afirma ainda que a B3 continua atraindo investidores que, em seu primeiro aporte, colocam menos dinheiro, um indicativo de popularização da Bolsa.