A companhia aérea Azul fechou um acordo com a Embraer para o adiamento da entrega de 59 aeronaves do modelo E2. Com preço avaliado em R$ 24,5 bilhões, a encomenda faz parte de um pedido de 75 aviões feito antes da crise no setor provocada pela pandemia do novo coronavírus. Cinco já foram entregues.
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As entregas estavam previstas para ocorrer entre 2020 e 2023. Com o adiamento, ficam para depois de 2024. Segundo a empresa, a negociação não exigiu contrapartidas financeiras, mas o compromisso de que as compras serão mantidas após a retomada da economia.
"A Embraer é parceira nossa, e a saúde da Azul é importante para a Embraer", afirmou o diretor executivo da Azul , John Rodgerson, em entrevista à Reuters . "Eles querem que a gente seja saudável e estão nos ajudando a passar pela crise", concluiu.
Para conter a disseminação do novo coronavírus (Sars-Cov-2), vários países adotaram medidas de restrição à circulação de pessoas, inclusive com a proibição da entrada de estrangeiros. As restrições, somadas ao temor de contágio dos passageiros, fizeram do setor aéreo um dos mais afetados pela pandemia.
Perda global de US$ 314 bi
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) estima que a crise vai gerar uma queda de 55% no faturamento das companhias aéreas este ano, o que representaria uma perda de US$ 314 bilhões. A própria Azul, por exemplo, registrou queda de 90% no tráfego de passageiros em abril, frente ao mesmo mês de 2019.
A colombiana Avianca Holdings, segunda maior companhia aérea da América Latina, entrou com pedido de recuperação judicial no último domingo e corre o risco de se tornar a primeira grande empresa do setor a sucumbir à crise provocada pelo novo coronavírus.
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Antes da pandemia, a Azul estava recebendo de 15 a 20 aeronaves da Embraer por ano. Com o acordo de adiamento, os jatos serão entregues em 2024, 2025, 2026 e 2027.
"Gostamos muito da aeronave, sinto tristeza em fazer isso, mas estamos em tempos difíceis no mundo e precisamos proteger a companhia. É mais uma proteção para a Azul", afirmou Rodgerson.
O acordo de adiamento de entregas com a Embraer foi o primeiro fechado pela Azul, que negocia com as fabricantes ATR e Airbus, além de fornecedores de motores. Segundo Rodgerson, a intenção é adiar “o máximo possível”.
"Todo mundo vai ter que ajudar, porque somos um cliente muito importante", afirmou o executivo. "Estamos negociando para postergar o máximo possível, porque não sabemos como vai ser o mundo lá na frente".
Em comunicado, a Embraer ressaltou que "embora as mudanças afetem as entregas projetadas em 2020, não houve nenhum cancelamento". Segundo a fabricante, "alguns clientes solicitaram" a revisão do fluxo de entregas de aeronaves, "como resultado da crise sem precedentes no transporte aéreo em virtude do surto de Covid-19 ".
"A aviação regional tem sido um elemento-chave para manter os serviços essenciais e a malha aérea durante a crise e já é possível observar algumas companhias aéreas retomando gradualmente os voos comerciais usando E-Jets", afirmou a Embraer. "A Embraer continua a apoiar totalmente seus clientes e está confiante de que o E-Jets terão um papel essencial na recuperação do setor aéreo”.