Segunda melhor data para o comércio de varejo - atrás apenas do natal - o dia das mães acontecerá este ano com grande parte dos estabelecimentos comerciais de portas fechadas, por conta das medidas de isolamento social implementadas no estado desde o dia 24 de maio. O resultado, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), deve ser um prejuízo da ordem de R$3,7 bilhões na semana da celebração.
Para o mês de maio, o déficit pode atingir R$ 19,3 bilhões , o que representa uma queda de 31% em comparação ao mesmo período do ano passado. No levantamento, a federação levou em consideração as vendas realizadas por delivery, internet e outros meios alternativos e observou que todos os principais setores sofrerão queda em maio:
Lojas de móveis e decoração (-91%); concessionárias de veículos (-78%); autopeças e acessórios (-63%); eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamento (-63%); lojas de vestuário e calçados (-62%); materiais de construção (-15%); outras atividades (-15%); supermercados (-13%); e farmácias e perfumarias (-12%).
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A entidade recomendou que os empresários busquem alternativas para manter a liquidez e o fluxo de caixa . “Para isso, pode-se fazer um levantamento de estoque, diminuir a margem de lucro e realizar promoções. Buscar canais de vendas alternativos é fundamental, grandes marketplaces têm aberto espaço para pequenas empresas. Pequenos comerciantes também podem se juntar para compartilhar mailings e mercadorias por consignação”, sugeriu.
Outra opção viável, segundo a federação, é que os varejistas atuem remotamente através de chats online e disponibilizem vouchers com descontos atrativos para consumo posterior.
Drive-thru de compras
Em São Paulo, os shoppings seguem fechados, pelo menos até o dia 10 de maio, data prevista para o término das medidas de isolamento — que devem ser prorrogadas devido à escalada de casos e óbitos no estado.
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Durante os meses de março e abril, os empreendedores que possuem lojas dentro dos centros comerciais apostaram em vendas por delivery, e-commerce ou até disponibilizaram vales para utilização futura. No entanto, uma nova tendência surgiu na última semana de abril, visando minimizar as perdas no Dia das Mães: o drive-thru de compras.
A modalidade, adotada em alguns shoppings como Internacional Shopping (de Guarulhos), Mais Shopping e Morumbi Town Shopping (ambos da Zona Sul da capital), Alpha Square Mall, em AlPhaville e Top Center Shopping (Av. Paulista), funciona da seguinte forma: o cliente conhece a ação pelas redes sociais, visita o site do shopping, identifica a marca, faz o pedido pelo WhatsApp da loja, combina a forma de pagamento e retira no estacionamento do shopping, em data e horário combinados com o vendedor, sem sair do carro, evitando, assim, aglomerações e reduzindo a chance de contágio.
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Em todos os shoppings os clientes não podem acessar o espaço a pé, apenas em automóveis ou motocicletas. Os empreendimentos orientam a todos os lojistas a total higienização dos itens comercializados, além do uso de itens de proteção , como máscaras, luvas e álcool em gel.
Natália Barros, gerente de marketing do Internacional Shopping, em Guarulhos, disse que as formas alternativas de venda fomentaram o consumo de forma positiva desde a páscoa.
"Temos em média trinta lojas que estão aderindo ao serviço desde a páscoa. Nosso intuito é beneficiar o lojista e o cliente, respeitando a regulamentação em primeiro lugar. Colocamos regras, como a compra somente de carro ou moto, até porque o shopping permanece fechado, e ressaltamos também que os clientes venham com máscara. Enquanto não houver nenhuma medida nova dos órgãos públicos, manteremos o apoio e o suporte aos nossos parceiros", afirmou Natália.
Já Ana Paula, proprietária de uma franquia da Cacau Show, disse que as vendas têm sido prejudicadas desde o fechamento do comércio, mas que as formas alternativas de venda amenizam os impactos. "Mesmo com a implementação do sistema de drive-thru o resultado não é tão satisfatório, mas já ajuda. Melhor vender em menor quantidade do que não vender nada", declarou.
Segundo a empreendedora, é importante aperfeiçoar ainda mais o sistema alternativo de vendas e encontrar novas formas de manter o negócio e o quadro de colaboradores, já que "não há como prever quanto tempo vai durar a crise causada pela pandemia."