Com o avanço da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2), o governo estima que 200 mil brasileiros têm direito a receber o seguro-desemprego, mas ainda não entraram com o pedido.
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Isso acontece porque as agências do Sistema Nacional de Emprego (Sine) de estados e municípios estão fechadas em razão da doença. Antes da crise, elas respondiam por mais de 80% dos requerimentos do seguro-desemprego .
Atualmente, mais de 90% dos pedidos estão sendo feitos pela internet, o que é pouco usual. No ano passado, eles não representavam nem 2% do total.
Marco Antonio dos Santos, de 58 anos, é meio oficial de refrigeração. Ele foi demitido em março e até agora não conseguiu dar entrada no seguro-desemprego. Tentou fazer o pedido pelo aplicativo e pelo site, mas no momento de registrar as informações aparece que há inconsistências no no cadastro do INSS.
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"Liguei para o 158 (Central Alô Trabalho), mas não funcionou. Tentei entrar em contato com o INSS para pedir um agendamento, mas os postos estão fechados. Já liguei, falaram que eu podia resolver o problema pela internet, mas não consigo".
Santos recebia R$ 1.400 no antigo emprego. Ele está usando a rescisão e não sabe como vai fazer quando acabar: "Não consigo procurar emprego porque ninguém vai contratar agora. Não posso tentar receber o auxílio de R$ 600, já que tenho direito ao seguro. Você fica amarrado. Tenho que torcer para a situação se resolver para que eu consiga dar entrada no pedido", afirma.
O professor de inglês Ricardo Madeira, de 29 anos, que mora em Teresina, no Piauí, foi demitido da escola onde trabalhava em fevereiro, mas só conseguiu agendar para 5 de maio a entrada no seguro-desemprego, pois a agência do Sine onde levaria os documentos está fechada:
"Disseram que era melhor me cadastrar no aplicativo da carteira de trabalho digital. Fiz isso e requeri o seguro-desemprego por ali, mas quando tento ver aparece uma mensagem de erro", relata.
O seguro-desemprego somente pode ser solicitado após sete dias da demissão, e o trabalhador que está pedindo o benefício pela primeira vez deve ter trabalhado por 12 meses durante os 18 meses que antecederam a demissão.
Em março, o número de pedidos subiu 11% ante fevereiro, para 536 mil. Mas analistas avaliam que o número poderia ser maior se desempregados não estivessem com dificuldade de fazer o pedido on-line.