Em meio à pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) e com o país em quarentena total até o fim de abril, o governo argentino finalmente apresentou ontem sua proposta de renegociação da dívida pública em mãos de credores privados e sob legislação estrangeira, que alcança em torno de US$ 68,8 bilhões.
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Com a presença da vice Cristina Kirchner
e de vários governadores, o presidente Alberto Fernández
anunciou que a Argentina
propõe “de boa-fé” reduzir em 62% os juros (o que representa cerca de US$ 37,9 bilhões) e em 5,4% o estoque da dívida (ou US$ 3,6 bilhões), além de suspender os pagamentos por três anos. Para analistas locais ouvidos pelo GLOBO, a proposta confirma a não existência de acordo com os detentores dos bônus. Ou seja, o país caminha para um novo calote.

O anterior foi em dezembro de 2001, após a renúncia do ex-presidente Fernando de la Rúa
(1999-2001) e durante a curta presidência de Adolfo Rodríguez Saá
, que durou apenas uma semana. O país só saiu da situação de calote em 2006, durante o governo Néstor Kirchner
(2003-2007). Um último acordo foi obtido em 2010, sob Cristina Kirchner
(2007-2015). Agora, a Casa Rosada pretende deixar de pagar sua dívida com credores privados até 2023.
"Nós propusemos fazer a mesma coisa que fizemos com Néstor ( Kirchner ) em 2003, quando assumimos o governo e herdamos uma situação similar. Aquela era uma situação de default explícito, esta é de default virtual", disse Fernández ao lado do ministro da Economia, Martín Guzmán .
O próximo vencimento importante da dívida argentina
é no dia 22 de abril. A margem de manobra para negociar com fundos de investimentos estrangeiros é estreita e, se não for alcançado um acordo, o governo terá 30 dias para evitar que o país seja declarado em estado de calote.
O governo ofereceu ainda um novo cupom de dívida, que começaria a pagar em 2023, com juros anuais de 0,5%. Em um prazo não especificado, a taxa atingiria 2,33%.
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"Hoje, a Argentina
não pode pagar nada", frisou o ministro Guzmán
.
Nos mercados, o clima era de forte nervosismo. Pela primeira vez, a cotação do dólar paralelo superou os 100 pesos.
"Foi uma oferta muito dura, e houve um uso político da pandemia e do momento atual dos mercados. O governo sente que sua proposta está justificada", afirmou o analista Ivan Sasovsky.
Para ele, “não há dúvidas de que a Argentina avança em direção a um novo calote”:
"O calote é dado como certo. Nenhum responsável por fundos de investimento pode aceitar uma redução de 62%. O que vai acontecer? O país não vai pagar, vamos para o calote e os 'fundos abutres' entrarão novamente em ação", completou.
Segundo o jornal “La Nación”, o Fundo Monetário Internacional ( FMI ) disse que vai analisar a proposta .