“Com saúde, não dá para economizar”. Quem já precisou usar essa frase sabe como suas consequências podem ser duras. No momento, todo o planeta, adoecido pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), vive um drama semelhante, e já gastou ao menos US$ 3,8 trilhões para conter a pandemia da Covid-19, que já vitimou mais de 82 mil pessoas e infectou, no mínimo, 1,4 milhão.
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A cifra equivale a praticamente o triplo (2,7 vezes) do Produto Interno Bruto
(PIB) do Brasil em 2019: R$ 7,3 trilhões, ou US$ 1,4 trilhão, considerando o câmbio atual. O levantamento foi realizado, com exclusividade para o portal iG pela consultoria em gestão e contabilidade multinacional TMF Group.
Os gastos, segundo Emine Constantin, global head of accounting and tax da TMF Group, envolvem desde doações e empréstimos subsidiados para empresas dos mais diversos setores, a subsídios salariais , adiamento de pagamentos de impostos, e sistemas de apoio como licenças médicas e renda para quem perdeu o emprego.
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Para o executivo, é preocupante que o socorro financeiro
necessário para enfrentar a pandemia está longe de acabar.
“Essa é a grande questão. Acredito que hoje ninguém pode estimar os impactos porque os efeitos da Covid-19 ainda não desapareceram . Estamos no meio da pandemia e ainda não há indicação de quando isso terminará”, avalia.
Segundo um relatório divulgado pelo pelo Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (Desa, na sigla em inglês), a economia global deve encolher quase 1% este ano devido à pandemia da Covid-19.
O levantamento aponta ainda que “a produção mundial poderá recuar ainda mais se as restrições impostas às atividades econômicas se estenderem para o terceiro trimestre e se as respostas fiscais falharem em apoiar renda e gastos do consumidor”.
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O Desa salienta em seu relatório que as restrições ao movimento de pessoas e atividades econômicas afetaram, principalmente, os setores de comércio varejista, lazer, hotelaria, turismo serviços de recreação e transporte. Juntos, eles representam mais de 25% de todos os empregos as economias afetadas pelo novo coronavírus.
O que fazer?
Segundo o Desa, é necessário elaborar um pacote em duas frentes
. A primeira de estímulo fiscal, priorizando os gastos em saúde para conter a propagação do vírus.
“Cortes e isenções tributárias podem ser outras medidas em que os governos podem pensar. O impacto de tais medidas vai além das indústrias afetadas e pode representar uma boa maneira de apoiar a economia ", concorda com o relatório da ONU, o executivo da TMF Group, Emine Constantin.
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"Provavelmente, isso ocorrerá em uma segunda onda
de medidas tomadas pelos governos quando o lockdown (adotado em alguns países) terminar”, acrescenta Constantin.
A segunda frente apontada pelo departamento da ONU seria fornecer suporte de renda às famílias mais afetadas pela pandemia, para minimizar a probabilidade de uma recessão econômica profunda.
“São necessárias medidas políticas urgentes e ousadas, não apenas para conter a pandemia e salvar vidas, mas também para proteger os mais vulneráveis em nossas sociedades da ruína econômica e sustentar o crescimento econômico e a estabilidade financeira”, destacou Liu Zhenmin, subsecretário para assuntos econômicos e sociais da ONU.
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Para as empresas, Emine Constantin também aponta caminhos. “Elas precisam se concentrar em manter sua posição de caixa e liquidez, precisam focar em como são capazes de automatizar seus processos
e mover algumas de suas atividades, incluindo atividades de negociação, (para o ambiente) on-line”, argumenta. “E precisam seguir as ações disponibilizadas pelo governo e tirar proveito delas”, conclui.