O início e o alastramento da pandemia do Covid-19 pelo mundo impuseram a necessidade de ações rápidas. Naturalmente, as primeiras medidas voltaram-se para proteger oscidadãos e forçar o isolamento. Isso ocorreu predominantemente na China e em menor grau, posteriormente, na Europa e nos Estados Unidos .
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A oferta de soluções diversas para osproblemas imediatos de saúde logo cedeu espaço para o debate sobre os efeitos econômicos
e sociais
da crise.
Urge ampliar os gastos extraordinários na área da saúde, pois é vital deter o avanço da contaminação pelo vírus Covid-19. Eventuais desperdícios dessas verbasdisponibilizadas em caráter excepcional podem ser evitados lançando-se mão das ferramentas criadas a partir das sofistica das curvas formuladas em tempo real pelos economistas . Essas curvas são explicadas didaticamente pela imprensa; as explicações ganharam as redes sociais , onde são debatidas pela sociedade.
No entanto, maior que os desafios nacompra de insumos, contratação de médicos e adaptação dehospitais, é a coordenação das ações num país de dimensõescontinentais e enormes desigualdades regionais como o Brasil . Ao menos nessa área, além do Estado , podemos contar com a competênciada gestão dos sistemas privados de saúde .
O mesmo não ocorre com o mercado e a sociedade em geral, que ficam à mercê da desaceleração da atividade econômica , decorrente do fechamento do comércio, dasescolas, e do confinamento social .
É normal que não haja suficientecerteza sobre os efeitos maléficos dessa crise, tampouco quanto às medidas que devem ser tomadas para mitigá-los. Há inúmeraspropostas apresentadas pelas empresas, por associações, pela sociedade civil organizada , pelos intelectuais.
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Existe, contudo, muita assimetria
de informação
. Isso ocorre num momento em que as notícias circulam abundantemente e de forma muito rápida. Nesse contexto, só um Estado
forte, unido e coordenado dará conta do caos
e oferecerá soluções ao cidadão.
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A sociedade precisa de previsibilidade, e isso só o Estado pode oferecer neste momento. Não se trata de superestimar os efeitos da pandemia . É preciso fazer o cidadão voltar a confiar no Estado.
Para conquistar essa confiança é preciso comunicar com clareza o planejamento dasações que estão a ser pensadas. Provavelmente, haverá mudançasem algumas das ações previstas inicialmente. Os dados e o cenários e alteram a cada dia, e é até recomendável que os planos sejam revistos à medida que avança o conhecimento do inimigo – o vírus e suas curvas de propagação. Mas o norte tem de ser, sempre , claro e convergente . É essencial coordenar as ações entre a saúde e a economia , evitando que pessoas que não morram da doença terminemvitimadas pela fome. É um equilíbrio difícil.
A ocorrência de erros e de acertos nessa guerra contra o vírus era esperado. Tanto aqui, quanto lá fora. Olhando para trás, e para o sucesso e o fracasso daexperiência dos países atingidos pela pandemia antes do Brasil , é fundamental ter humildade para aprender lições e reverter as açõesque porventura tenham se mostrado precipitadas.
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Falar em fechamento de rodovias
, apartando municípios
e às vezes regiões inteiras do resto do país, ainda faz sentido? Isso foi posto sobre as mesas de debate. É correto? A resposta depende de uma construção
coletiva
e cooperativa
dos vá ios entes da federação, coordenadas num mesmo sentido. À disposição deles, há uma infinidade de dados einformações, além de excelentes técnicos dispostos a ajudar.
O mesmo precisa ocorrer na área econômica , com relação ao socorroàs empresas e à proteção do emprego. Muitos são os atores envolvidos. Sou do Parlamento , o Congresso é a minha área de atuação central.
E o Parlamento brasileiro tem contribuído para odebate e para tornar ágeis as políticas de enfrentamento dessa pandemia . Jamais faltamos ao país, nós deputados e senadores , e nunca faltaremos, nos momentos cruciais em que sabemos estar ao lado da construção de soluções. É imprescindível haver organização, rotinas e coordenação da porta para dentro.
Não se sabe qual será o final dahistória, mas é preciso construir o roteiro do filme com base nas análises existentes. Não basta um álbum de fotografias, em que cada uma delas é trocada todos os dias, deixando rasgos e buracos para trás.
Nunca foi tão urgente colocar em prática a coordenaçãoentre os poderes da República . Começarmos concordando com um diagnóstico baseado em evidências empíricas e não em opiniões , além de um claro objetivo comum no curto , no médio e no longo prazo , é o melhor passo a dar a fim de avançarmos na proteção do Brasil e dos brasileiros.
(*) Deputado federal pelo DEM-RJ. Presidente da Câmara dos Deputados