O setor aéreo enfrenta o momento mais difícil da sua história, em meio à pandemia do coronavírus, de acordo com o presidente da Associação Nacional das Empresas Administradoras de Aeroportos (Aneaa) e ex-ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.
“Essa é, com certeza, a crise mais grave da história do transporte aéreo. Nem mesmo no 11 de setembro nós tivemos um impacto tão grande em tantos países”, afirmou em entrevista ao jornal Globo News.
Endividado e com medo do coronavírus? Governo e bancos facilitam renegociação
A associação estima que o movimento de passageiros tenha caído cerca de 20% na semana passada. “E isso vai crescer rapidamente”, comentou Oliveira.
A Aneaa reúne as empresas administradoras dos aeroportos brasileiros que foram concedidos à iniciativa privada. Entre eles, estão Brasília (DF), Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Confins (MG). Juntos, eles respondem por 70% de todo o fluxo de passageiros do setor aéreo no país, de acordo com a associação.
American Airlines suspende voos para o Brasil
A partir desta segunda-feira (16), a companhia American Airlines cortará 75% dos seus voos,
incluindo todos para o Brasil. A medida ocorre na esteira da suspensão de viagens da Europa para os Estados Unidos.
Você viu?
No Brasil, nas últimas semanas, as empresas vêm amargando perdas vertiginosas na Bolsa: a ação preferencial da Azul acumula queda de mais de 60% no ano, enquanto que o papel PN da Gol recua quase 76% em 2020. A Latam deixou de ter ações listadas no Ibovespa em 2016.
Demanda nacional por álcool em gel cresceu 1.700% este ano
Oliveira também alerta para um risco sistêmico em toda a cadeia da aviação. “A parte mais visível do sistema é a companhia aérea, porque é ali que a população se relaciona com o setor. Entretanto, por trás desse primeiro elo, há todo um conjunto se serviços, de operações, que serão igualmente impactados. A própria administração do aeroporto é um elo que vai ser diretamente impactado. E aí, na sequência, você tem lojistas, prestadores de serviços, empresas de catering e assim por diante”.
O setor aéreo já negocia com o governo um pacote de medidas que devem ser anunciadas entre esta segunda-feira (16) e a terça (17).
“Nós estamos discutindo basicamente duas naturezas de medidas. Uma de alívio de alguns pagamentos que seriam feitos ao governo nos meses de abril, maio e junho, que basicamente são os pagamentos das outorgas dos aeroportos, de algumas contribuições tributárias e das tarifas de navegação. E, de um outro lado, algum suporte financeiro. Então estamos discutindo a criação de algumas linhas de capital de giro emergencial com os bancos públicos para atender, nesse momento mais crítico, alguma necessidade de caixa das empresas”, explicou Oliveira.